Erotismo
Joanna de Ângelis
Numa cultura dedicada quase que exclusivamente ao erotismo é
natural que o hedonismo predomine nas mentes e nos corações.
Como decorrência das calamidades produzidas pelas guerras
contínuas de devastação com as suas armas inteligentes e destruição em massa, o
desespero substituiu a confiança que havia entre as criaturas, dando lugar ao
desvario de todo porte que ora toma conta da sociedade.
Sem dúvidas, tem havido um grande desenvolvimento
cientifico-tecnológico, dantes jamais sonhado, no entanto, não acompanhado
pelos valores ético-morais, cada dia mais negligenciados e desrespeitados pelos
indivíduos assim como pelas nações.
A globalização, que se anunciava em trombetas, como solução
para os magnos problemas socioeconômicos do mundo, experimenta a grande crise,
filha espúria da falência moral de muitos homens e mulheres situados na
condição de executivos supremos, que regiam as finanças e os recursos de todos,
naufragados por falta de dignidade, ora expungindo em cárceres os seus
desmandos, deixando porém centenas de instituições de variado porte na falência
irrecuperável.
Como efeito, o sexo tornou-se o novo deus da cultura
moderna, exaltado em toda parte e elemento de destaque em todas as situações.
Enquanto enxameiam as tragédias, os crimes seriais como o
suicídio imediato dos seus autores, os multiplicadores de opinião utilizam-se
da mídia alucinada para a saturação das mentes com as notícias perversas, que
estimulam psicopatas à prática de hediondez que não lhes havia alcançado a
mente.
Pessoas ditas famosas, na arte, no cinema, na televisão,
exibem, sem pudor, as suas chagas morais, narrando os abortos que praticaram, a
autorização para a eutanásia em seres queridos que lhes obstaculizavam o gozo
juvenil, a multiplicação de parceiros sexuais, os adultérios por vingança ou
simplesmente por vulgaridade, os preços a que se entregam, as perversões que os
caracterizam, vilipendiando os sentimentos daqueles que os veem ou leem
estarrecidos uns, com inveja outros, em lamentável comércio de degradação.
Jovens, masculinos e femininos, exibem-se no circo dos
prazeres, na condição de escravos burlescos em revistas de sexo explícito ou em
filmes de baixa qualidade, tornando-se ídolos da pornografia e da sensualidade
doentia.
A pedofilia alcança patamares dantes nunca imaginados,
graças à Internet que lhe abre portas ao infinito, quando pais insensatos
vendem os filhinhos para o vil comércio do sexo infanto-juvenil,
despedaçando-lhes a meninice que vai cruelmente assassinada.
Por outro lado, a prostituição de menores é cada vez maior,
porque o cansaço dos viciados exige carnes novas para os apetites selvagens
que os consomem.
E, porque vivem sempre entediados e sem estímulos novos, o
alcoolismo, o tabagismo, a drogadição constituem o novo passo no rumo da
violência, da depressão, do autocídio.
Vive-se, neste momento, a tirania do sexo em exaltação.
As dolorosas lições do passado, de religiosos que não se
souberam comportar, desrespeitando os votos formulados, que desmoralizaram as
propostas doutrinárias das crenças que abraçavam, o disfarce, a hipocrisia,
ocultando as condutas reprocháveis, geraram tal animosidade às formulações
espiritualistas, com as exceções compreensíveis, que os jovens não suportam,
sequer, referências aos valores do Espírito imortal.
Somente há interesse pelos esportes, particularmente por
aqueles de natureza física, no culto apaixonado pela beleza e pela estética de
que se tornam escravos por livre opção.
Num período, porém, em que uma boneca serve de modelo, ao
invés de haver copiado um ser humano, exigindo que cirurgias corretoras
modifiquem a aparência de algumas mulheres, a fim de ficarem com as medidas do
brinquedo erótico, é quase normal que haja um verdadeiro ultraje no que diz
respeito aos valores reais da vida.
A desconsideração de muitos governantes em relação ao povo
que estorcega na miséria, faz que as favelas e os morros vomitem os seus
revoltados habitantes para as periódicas ondas de arrastão que estarrecem.
Sucede que o bem não indo ao seu encontro, tem que enfrentar
o mal que prolifera e que desce do lugar em que se homizia buscando solução,
mantendo comportamentos selvagens.
As cidades, grandes e pequenas, tornam-se praças de guerras
não declaradas, porque as necessidades dos sofredores não são atendidas e
alguns poderosos que governam, locupletam-se com os valores que deveriam ser
destinados à educação, à saúde, ao trabalho, ao recreio dos cidadãos...
É compreensível que aumentem as estatísticas das
enfermidades dilaceradoras como o câncer, a tuberculose, as cardiovasculares, a
AIDS, outras sexualmente transmissíveis, as infecções hospitalares, dentre
diversas, acompanhadas pelos transtornos psicológicos e psiquiátricos que
demonstram o atraso em que ainda permanecem as conquistas na área da saúde,
embora as suas indescritíveis realizações.
* * *
O ser humano estertora...
Em razão da falta de orientação sexual, nestes dias de
disparates, a gravidez entre meninas desprevenidas aumenta de forma chocante,
como fruto de experiências estimuladas pela vulgaridade, sem qualquer preparo
para a maternidade, jogando nas ruas diariamente crescente número de
abandonados...
Faltam programas de orientação moral, porque o momento é de
prazer e de gozo, condenando a maioria dos incautos ao desespero e à ilusão.
Ainda se prolongará o reinado erótico por algum tempo, até o
momento quando as Divinas Leis convidem os responsáveis pelo abuso ao
comedimento, à reparação, encaminhando-os para mundos inferiores, onde se
encontrarão sob a situação de acerbas aflições, recordando o paraíso que
perderam, mas que podem alcançá-lo novamente após as lutas redentoras.
Especialmente nesta hora chegou à Terra o Espiritismo, a fim
de convidar as criaturas desnorteadas a encontrar o rumo nos deveres éticos,
restaurando a paz e a alegria real nos corações, sem a música mentirosa das
sereias mitológicas...
Restaurando a palavra de Jesus, propõe uma revisão ética dos
postulados do Cristianismo também ultrajado, a fim de que se revivam os
comportamentos de Jesus e dos Seus primeiros discípulos, dando lugar à lídima
fraternidade, à iluminação de consciências, ao serviço da caridade.
Mantém-te vigilante, a fim de que não te iludas nem enganes
a ninguém, contribuindo com a tua parte, por mais modesta que seja, de modo a
fazer instalar-se a era do amor pela qual todos anelam .
Nenhum comentário:
Postar um comentário
“Deixe aqui um comentário”