Angústia
Joanna de Ângelis
A angústia é um estado
emocional de caráter ambíguo.
Invariavelmente representa
uma situação psicológica derrotadora, que se caracteriza pela tristeza, pelo
sofrimento, pela falta de objetivo existencial.
Não poucas vezes, abre
espaço para os transtornos de natureza afetiva, especialmente na área da
depressão.
Iniciando-se em forma de
melancolia, agrava-se pelos distúrbios neuroniais ou por eles se inicia,
derrapando nas situações graves do desinteresse pelos valores básicos e
necessários ao crescente desenvolvimento orgânico e intelecto-moral.
Do ponto de vista
filosófico, merece recordar-se o conceito de Kierkegaard, que afirma tratar-se
de uma situação que determina o nível espiritual do indivíduo, que
psicologicamente pretende despertar para o sentido existencial da vida e da sua
liberdade.
Por isso, expressa-se de
maneira ambígua, porque a melancolia que se manifesta é resultado da falta de
significado e de objetivo existencial, impulsionando à busca dos mesmos.
Por outro lado, segundo
Heidegger, trata-se de uma manifestação psicológica de natureza afetiva,
mediante a qual se revela ao homem o nada absoluto em que se baseia a
existência.
A angústia, entretanto, tem
a sua psicogênese no próprio Espírito, agente e responsável pelos atos
tormentosos que lhe assinalaram alguma existência passada e cujos reflexos, em
forma de consciência de culpa, hoje ressumam dos painéis do inconsciente onde
se encontram arquivados.
Em um masoquismo não
proposital, o indivíduo se autopune, acreditando não merecer a alegria de viver
nem a felicidade, porque lhe pesam no imo os fardos da responsabilidade pelo
mal praticado contra outrem, pela desdita e tormento que lhe infligiu, tornando-o
sua vítima.
A energia resultante do
fenômeno autopunitivo interfere nas intercomunicações dos neurotransmissores,
produzindo deficiência no comportamento que, por conseqüência, desencadeia os mecanismos
depressivos da personalidade.
Outrossim, a vítima
enganada, reencontrando aquele que a
perturbou e responde pela
sua desdita, acerca-se-lhe vingativa e descarrega no campo de energia de que se
constitui as vibrações de ódio e cobrança que lhe são peculiares, produzindo um
fenômeno equivalente no binômio corpo-emoção.
As obsessões mediante
processos de angústia são muito mais freqüentes do que se pode imaginar,
considerando-se as ocorrências da perversidade e da alucinação em que se
comprazem muitos Espíritos afeiçoados aos seus sentimentos inferiores.
Não obstante, vez que outra,
o ser humano sente-se perturbado na sua tranqüilidade por descobrir o vazio
existencial com que o materialismo lhe brinda e, porque ansiando por objetivos
de maior significação e ideais mais profundos, resvala na angústia que o
impulsiona de certo modo a buscar a beleza, o conhecimento, a harmonia interior
que lhe faltam.
Quando essa nuvem sutil da
tristeza começar a envolver-te os painéis da mente e os tecidos delicados do
sentimento, desperta para a vida e renova-te através da oração.
A prece é antídoto eficaz
para todos os estados de perturbação da mente e do coração.
Funciona como claridade
superior que verte da Vida e penetra os absconsos recantos do sentimento humano.
Portadora de alta carga
vibratória, estimula os neurônios que
produzem neuropeptídeos
propiciadores da renovação e equilíbrio para as transmissões nervosas.
Igualmente envolve o orante
em vibrações carregadas de força espiritual que afasta as Entidades
perturbadoras, auxiliando-as, por sua vez, no despertamento para a realidade em
que se encontram e a necessidade de mudar de atitudes em relação às suas vítimas.
Ademais, facilita a sintonia
com as Fontes da Vida, atraindo os Benfeitores da humanidade que estabelecem a
comunhão elevada, interrompendo quaisquer vinculações perniciosas e estimulando
ao avanço e desenvolvimento moral na busca dos objetos nobres da reencarnação.
Após as dúlcidas vibrações
defluentes da comunhão elevada, a mente passa a cultivar pensamentos
edificantes e otimistas que inundam as paisagens interiores de esperança e
renovação de ideias, proporcionando a reconquista da alegria de viver e de amar.
Despertando para os
objetivos existenciais da reencarnação, o indivíduo compreende que deve ser
útil, transformando as suas horas excedentes em manancial de bondade para as
demais pessoas, ao tempo que se esclarece e se auto ilumina através do estudo e
do serviço humanitário.
A angústia sempre se torna
grave e ameaçadora quando encontra receptividade na mente ociosa ou nos
mecanismos de autocompaixão, da revolta contra as Leis divinas, em relação às demais
pessoas e ao mundo no qual se encontra.
Quando o paciente requer
psicoterapia adequada sob a assistência do competente especialista, deve
adicionar os recursos elevados da fé religiosa que constituem sempre apoio em
qualquer circunstância, funcionando como complemento indispensável para a sua
plena recuperação.
O hábito salutar da oração –
comunhão com Deus – no qual as palavras perdem o sentido para serem
substituídas pelos sentimentos de nobreza e elevação moral, resulta como
terapêutica preventiva, por enriquecer o indivíduo de harmonias espirituais que
o defendem das ondas nefastas do ódio, da perturbação, que se mesclam e se
encontram por toda a parte.
Essa angústia que tipifica
os buscadores da verdade, os Espíritos que se comprometeram em auxiliar o
desenvolvimento da ciência, da arte e da religião, da tecnologia e do
conhecimento em geral e ainda não se puderam identificar com esses
incomparáveis objetivos, também abre canais de comunicação com os Centros de irradiação
da Vida de onde procedem, facilitando-lhes o despertamento.
A sua presença nesses homens
e mulheres afeiçoados aos ideais de libertação, que sofrem pela impossibilidade
de modificarem a situação em que se encontram, produz a ruptura dos alicerces
do inconsciente onde estão registrados os seus labores missionários, facultando-lhes
encontrar o rumo para a realização do ministério para o qual vieram.
Jesus, muitas vezes foi
tomado de angústia, de compaixão, ao contemplar a situação deplorável em que se
encontravam as criaturas, especialmente aquelas que O não queriam entender ou criavam
obstáculos à construção do reino de Deus nos corações e no mundo.
Conhecedor, no entanto, dos
valores profundos a todos reservados, alegrava-se ante a perspectiva do futuro
libertador e entoava os cânticos de esperança de que se encontram refertos os
textos do Seu Evangelho.
Pensamentos
extraídos da mensagem Angústia, recebida em Hamburgo, Alemanha, 18 de maio de
2001.
FRANCO, Divaldo Pereira
Franco elo Espírito Joanna de Ângelis, Nascente
de bênçãos p. 50-54
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