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segunda-feira, agosto 28, 2023

Angústia - Joanna de Ângelis

 


Angústia


Joanna de Ângelis

 

A angústia é um estado emocional de caráter ambíguo.

 

Invariavelmente representa uma situação psicológica derrotadora, que se caracteriza pela tristeza, pelo sofrimento, pela falta de objetivo existencial.

 

Não poucas vezes, abre espaço para os transtornos de natureza afetiva, especialmente na área da depressão.

 

Iniciando-se em forma de melancolia, agrava-se pelos distúrbios neuroniais ou por eles se inicia, derrapando nas situações graves do desinteresse pelos valores básicos e necessários ao crescente desenvolvimento orgânico e intelecto-moral.

 

Do ponto de vista filosófico, merece recordar-se o conceito de Kierkegaard, que afirma tratar-se de uma situação que determina o nível espiritual do indivíduo, que psicologicamente pretende despertar para o sentido existencial da vida e da sua liberdade.

 

Por isso, expressa-se de maneira ambígua, porque a melancolia que se manifesta é resultado da falta de significado e de objetivo existencial, impulsionando à busca dos mesmos.

 

Por outro lado, segundo Heidegger, trata-se de uma manifestação psicológica de natureza afetiva, mediante a qual se revela ao homem o nada absoluto em que se baseia a existência.

 

A angústia, entretanto, tem a sua psicogênese no próprio Espírito, agente e responsável pelos atos tormentosos que lhe assinalaram alguma existência passada e cujos reflexos, em forma de consciência de culpa, hoje ressumam dos painéis do inconsciente onde se encontram arquivados.

 

Em um masoquismo não proposital, o indivíduo se autopune, acreditando não merecer a alegria de viver nem a felicidade, porque lhe pesam no imo os fardos da responsabilidade pelo mal praticado contra outrem, pela desdita e tormento que lhe infligiu, tornando-o sua vítima.

 

A energia resultante do fenômeno autopunitivo interfere nas intercomunicações dos neurotransmissores, produzindo deficiência no comportamento que, por conseqüência, desencadeia os mecanismos depressivos da personalidade.

 

Outrossim, a vítima enganada, reencontrando aquele que a

perturbou e responde pela sua desdita, acerca-se-lhe vingativa e descarrega no campo de energia de que se constitui as vibrações de ódio e cobrança que lhe são peculiares, produzindo um fenômeno equivalente no binômio corpo-emoção.

 

As obsessões mediante processos de angústia são muito mais freqüentes do que se pode imaginar, considerando-se as ocorrências da perversidade e da alucinação em que se comprazem muitos Espíritos afeiçoados aos seus sentimentos inferiores.

 

Não obstante, vez que outra, o ser humano sente-se perturbado na sua tranqüilidade por descobrir o vazio existencial com que o materialismo lhe brinda e, porque ansiando por objetivos de maior significação e ideais mais profundos, resvala na angústia que o impulsiona de certo modo a buscar a beleza, o conhecimento, a harmonia interior que lhe faltam.

 

Quando essa nuvem sutil da tristeza começar a envolver-te os painéis da mente e os tecidos delicados do sentimento, desperta para a vida e renova-te através da oração.

 

A prece é antídoto eficaz para todos os estados de perturbação da mente e do coração.

 

Funciona como claridade superior que verte da Vida e penetra os absconsos recantos do sentimento humano.

 

Portadora de alta carga vibratória, estimula os neurônios que

produzem neuropeptídeos propiciadores da renovação e equilíbrio para as transmissões nervosas.

 

Igualmente envolve o orante em vibrações carregadas de força espiritual que afasta as Entidades perturbadoras, auxiliando-as, por sua vez, no despertamento para a realidade em que se encontram e a necessidade de mudar de atitudes em relação às suas vítimas.

 

Ademais, facilita a sintonia com as Fontes da Vida, atraindo os Benfeitores da humanidade que estabelecem a comunhão elevada, interrompendo quaisquer vinculações perniciosas e estimulando ao avanço e desenvolvimento moral na busca dos objetos nobres da reencarnação.

 

Após as dúlcidas vibrações defluentes da comunhão elevada, a mente passa a cultivar pensamentos edificantes e otimistas que inundam as paisagens interiores de esperança e renovação de ideias, proporcionando a reconquista da alegria de viver e de amar.

 

Despertando para os objetivos existenciais da reencarnação, o indivíduo compreende que deve ser útil, transformando as suas horas excedentes em manancial de bondade para as demais pessoas, ao tempo que se esclarece e se auto ilumina através do estudo e do serviço humanitário.

 

A angústia sempre se torna grave e ameaçadora quando encontra receptividade na mente ociosa ou nos mecanismos de autocompaixão, da revolta contra as Leis divinas, em relação às demais pessoas e ao mundo no qual se encontra.

 

Quando o paciente requer psicoterapia adequada sob a assistência do competente especialista, deve adicionar os recursos elevados da fé religiosa que constituem sempre apoio em qualquer circunstância, funcionando como complemento indispensável para a sua plena recuperação.

 

O hábito salutar da oração – comunhão com Deus – no qual as palavras perdem o sentido para serem substituídas pelos sentimentos de nobreza e elevação moral, resulta como terapêutica preventiva, por enriquecer o indivíduo de harmonias espirituais que o defendem das ondas nefastas do ódio, da perturbação, que se mesclam e se encontram por toda a parte.

 

Essa angústia que tipifica os buscadores da verdade, os Espíritos que se comprometeram em auxiliar o desenvolvimento da ciência, da arte e da religião, da tecnologia e do conhecimento em geral e ainda não se puderam identificar com esses incomparáveis objetivos, também abre canais de comunicação com os Centros de irradiação da Vida de onde procedem, facilitando-lhes o despertamento.

 

A sua presença nesses homens e mulheres afeiçoados aos ideais de libertação, que sofrem pela impossibilidade de modificarem a situação em que se encontram, produz a ruptura dos alicerces do inconsciente onde estão registrados os seus labores missionários, facultando-lhes encontrar o rumo para a realização do ministério para o qual vieram.

 

Jesus, muitas vezes foi tomado de angústia, de compaixão, ao contemplar a situação deplorável em que se encontravam as criaturas, especialmente aquelas que O não queriam entender ou criavam obstáculos à construção do reino de Deus nos corações e no mundo.

 

Conhecedor, no entanto, dos valores profundos a todos reservados, alegrava-se ante a perspectiva do futuro libertador e entoava os cânticos de esperança de que se encontram refertos os textos do Seu Evangelho.

 

Pensamentos extraídos da mensagem Angústia, recebida em Hamburgo, Alemanha, 18 de maio de 2001.


FRANCO, Divaldo Pereira Franco elo Espírito Joanna de Ângelis, Nascente de bênçãos p. 50-54

 

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