Bênçãos
Joanna de Ângelis
És uma bênção de amor de Nosso Pai, face à tua procedência divina.
Herdeiro de Seus atributos, possuis tesouros de valor incalculável e de que ainda não te deste conta, não sabendo, portanto, aproveitar com a devida sabedoria.
É certo que ainda transitas em faixas de dificuldades evolutivas, atado aos condicionamentos passados, que teimam em reterte nas expressões iniciais, nas quais predominam os instintos perturbadores.
Dessa forma, vês com mais facilidade as deficiências do teu próximo, por serem iguais àquelas que te assinalam o comportamento, do que as virtudes que ainda escasseiam nas tuas paisagens emocionais.
Se, tomado pela certeza da tua origem espiritual, te resolveres por identificar a face melhor de cada pessoa, poderás abençoá-la nesse ângulo, sem te preocupares com o seu lado sombra.
Abençoarás, no mentiroso, a verdade em pequena quota que nele existe, a fim de que essa porção termine por superar aquela que o retém na imperfeição moral.
Abençoarás, no egoísta, as débeis expressões de bondade que repontem vez que outra, de modo a criar nele o condicionamento para a solidariedade, que o tornará rico de alegria e feliz.
Abençoarás, no caluniador, o arrependimento que surge, despertando- o para o respeito à dignidade alheia, tornando-se menos cruel em relação ao seu próximo.
Abençoarás, no inimigo, o seu lado gentil, mesmo que oculto na conduta que mantém em relação a ti, de maneira que se lhe torne preponderante, conduzindo-o à paz para com ele mesmo.
Abençoarás, no ingrato, o desejo de recuperar-se, embora nem se dê conta do nobre sentimento que lhe surge, porquanto a ingratidão é doença da alma.
Abençoarás, no rebelde, a força do temperamento, induzindoo a aplicá-la de maneira saudável e construtiva.
Abençoarás, no orgulhoso, a coragem de enfrentar o mundo com a sua prepotência, auxiliando-o a administrá-la com resultados edificantes.
Abençoarás, no velhaco, a astúcia para a ação, por enquanto perversa e indigna, que ele poderá converter em inteligência para a prática de atos relevantes.
Abençoarás, no viciado, a persistência que tem sido aplicada para a sua destruição, contribuindo para o seu despertar e interessar- se pela conquista das virtudes que lhe podem favorecer com harmonia.
Abençoarás, no cruel, a tenacidade com que persevera nas atitudes hostis e destrutivas, quando poderá converter essa força moral em alavanca para o próprio e o progresso da humanidade.
Abençoarás, no invejoso, a vida que tem sido malbaratada, e que Deus lhe oferece para valorizar o mundo e os seus tesouros, ao invés de perturbar-se com o êxito e a beleza que percebe nos outros e o estorcegar-se no conflito inditoso.
Abençoarás sempre, porque ninguém existe que seja totalmente destituído de qualquer sentimento que se pode converter em recurso iluminativo auxiliando-o na conquista de si mesmo e na sublimação dos seus propósitos.
Todos somos Espíritos em
processos lentos de sublimação.
Superando os instintos, sem que sejam abandonados, surge a razão que faculta o discernimento e auxilia na compreensão dos deveres que aguardam oportunidade para serem vivenciados, avançando no rumo da intuição que supera o raciocínio e segue na conquista da angelitude.
As bênçãos de Deus sempre jorram abundantes sobre nós, estimulando- nos naquilo que é positivo e auxiliando-nos na eliminação das tendências reprocháveis e limitadoras.
É natural, portanto, que, por nossa vez, abençoemos também aquele amigo e irmão que segue na nossa retaguarda esperando ensejo de iluminação.
O Mestre conclamou-nos a perdoar e abençoar os inimigos, aqueles que se nos constituem motivo de sofrimento e de desequilíbrio, por se haverem transformado em instrumentos da Lei que nos alcança, trabalhando a nossa inferioridade e fazendo que apareçam as virtudes que permanecem adormecidas.
Seguindo a necessidade de serem permutadas bênçãos, o Apóstolo Paulo, em memorável epístola aos Hebreus, no capítulo 7 versículo 7, conclama que, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior.
Se aquele que dispõe de mais valiosos recursos não se volve na direção de quem se encontra menos dotado, como esse poderá ascender, caso não haja mão amiga distendida na sua direção, estimulando ao avanço e constituindo-se instrumento de socorro?
Abençoar, pois, é o mecanismo de grande utilidade para a própria renovação.
Reconhecendo-se destituído de méritos para distender bênçãos, quem assim proceder se esforçará para consegui-los, de forma que possa corresponder à expectativa que lhe cabe atender.
A bênção, além de ser uma doação de amor acompanhada de vibração vigorosa e rica de estímulos variados, é também um vínculo que se estabelece entre quem a distende e aquele que a recebe.
Mediante esse envolvimento fluídico, o abençoado encontra coragem para autovencer-se, olvidando-se do mal em que se encontra, a fim de ampliar a capacidade do bem que nele se demora em germe.
Nunca será demasiado abençoar-se a noite, a fim de que se recame de estrelas; o dia, para que fortaleça as expressões de vida; a chuva, para que reverdeça o prado; o jardim, o pomar, a horta...
Abençoar também o pântano, para que seja drenado; o deserto, a fim de que se converta em vida; as fontes, os rios, os mares, a Natureza em todas as suas expressões.
O pobrezinho de Assis, agradecendo à irmã Natureza todas as dádivas, abençoou-a, assim como o fez em relação à cidade onde nasceu.
Sê tu aquele que abençoa
sempre.
Sejam os teus pensamentos, lábios e coração refertos de bênçãos e consiga a tua existência tornar-se um evangelho de bondade para os esfaimados de amor e de paz no caminho por onde segues no rumo de Deus.
Quando Jesus exclamou na cruz:
- “Perdoa-os, meu Pai, pois eles não sabem o que fazem”, estava abençoando os Seus algozes e suplicando novas oportunidades para suas vidas secas e perversas.
O Seu apelo encontrou ressonância no Pai Criador, e todos eles, os crucificadores de ontem, como os de hoje e de amanhã, tiveram e receberão oportunidade de recomeçar no corpo, abençoados pela dádiva da reencarnação, que é a elevada concessão do Amor aos infratores, aos carentes de iluminação e de sabedoria.
No torvelinho agitado das horas, o ser humano transita com emoções desordenadas, sem o tempo necessário para atender aos deveres a que se vincula, quase sempre experimentando estresses e desconfortos morais que o atormentam.
Elabora plano que espera cumprir, não obstante os enfrentamentos no trabalho de manutenção da vida física, bem como os compromissos familiares e sociais levam-no ao cansaço ou ao desencanto, pela impossibilidade de tudo realizar conforme desejaria.
Pensamentos extraídos da mensagem Bênçãos, escrita em Paris, França, em 5 de junho de 2001.
FRANCO,Divaldo Pereira pelo Espírito Joanna de Ângelis, Nascente de bênçãos, p.33-37.
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