Minutos de Paz !

sexta-feira, janeiro 12, 2024

Agradecer para Servir - Maria Dolores



Agradecer para Servir

Maria Dolores


Agradece, alma querida e boa,

Ao Doador das Luzes e dos Bens

Os dotes naturais que te amparam a vida

E as concessões que tens.


Observa a palavra

Em que a força do verbo se te fez,

Quando existe no mundo tanta gente

Em penosa mudez.


Contempla as próprias mãos que podem trabalhar

Em toda atividade nobre e amiga,

Quando se enxerga, em toda parte,

Tanta mão que mendiga.


Reflete nos teus olhos,

Dos quais a luz é a doce companheira,

Quando tantos irmãos vemos na Terra

Suportando a cegueira.


Toca o cérebro claro

Em que o discernimento se te apura

E lembra a multidão dos companheiros

Nos desvãos da loucura.


Certamente, alma boa,

Deus, o Dispensador dos Recursos Supremos,

Não tem culpa do pranto que há na estrada

Que nós mesmos fazemos.


Saibamos, entretanto, agradecer

Os tesouros e dons de que nos faz dispor,

A fim de que saibamos levantar

A grandeza da Vida e a redenção do Amor.


Poesia do Mais Viver

Irmão Saulo


Enquanto os poetas da Terra se entregam à procura de originalidades técnicas, de formas novas de expressão poética, os do Além utilizam a poesia na sua essência eterna, como meio de comunicação no plano das almas. 


A poesia terrena busca a perfeição formal, os efeitos sensoriais. A poesia terrena busca a orientação, o esclarecimento, a elevação das criaturas.


 Todas as formas poéticas são igualmente válidas. 


Castro Alves se manifesta em versos condoreiros, Cornélio Pires em trovas e sonetos caipiras, Cyro Costa em alexandrinos retumbantes, Oswald de Andrade e Mário de Andrade em versos livres, cada qual no seu estilo pessoal. 


Mas o tema de todos é o Espírito e sua ascensão através da existência, nos rumos da transcendência.


Os homens burilam a forma, aprimoram a expressão, renovam as posições éticas. 


É a sua função no plano sensorial. 


Os Espíritos se interessam pela comunicação espiritual, pelo despertar das consciências, pela demonstração da sobrevivência. 


É com estes objetivos que Maria Dolores continua poetando após a morte. 


Seus poemas mantém uma constante formal já bastante conhecida no meio espírita, e a constante substancial varia nas nuanças de uma temática permanente que é a da mensagem moral. 


O que interessa a ela, como a todos os poetas do Além, não é a poesia do viver, a captação estética do cotidiano, mas a poesia do mais viver, o chamado a uma compreensão mais profunda do sentido da vida.


Ante a revolta comum do ser existencial, sempre insatisfeito com as condições e limitações do seu viver diário, Maria Dolores levanta o problema da gratidão do ser transcendente ao “Doador das Luzes e dos Bens” que todos recebemos e usufruímos na existência. 


Há em nós, como explica “O Livros dos Espíritos”, o ser do corpo e o ser da alma. 


Aquele vive e este último existe.


Viver é condicionar-se a forma biológica terrena, existir é transcender, como o demonstram os modernos princípios existenciais. 


Para ativar a transcendência, Maria Dolores estabelece o confronto das situações de desajuste com as situações normais, apelando ao nosso entendimento e convocando-nos “à grandeza da Vida e à redenção do Amor”.


Os “tesouros de dons” que possuímos, que nos foram concedidos pelo Doador, e que utilizamos com displicência, senão com desprezo, devem despertar-nos para a compreensão da “grandeza da Vida”. 


As deficiências que afetam milhões de criaturas (nossos semelhantes) ao nosso redor e no mundo, e das quais fomos preservados, devem acordar em nós os sentimentos de humildade e levar-nos “à redenção do Amor”. 


Essa redenção não é apenas uma figura poética, uma simples forma de expressão. 


É a libertação do egoísmo (do amor fechado em nós e por nós, com exclusivismo) que nos redimirá da ingratidão para com o Doador e nos iniciará na transcendência horizontal do amor ao próximo da qual fácil- mente nos ergueremos à transcendência vertical do amor a Deus. 


Essa a técnica do “mais viver”, do viver acima da vida comum, que o seu poema nos oferece na forma de uma canção.


XAVIER, Francisco Candido; PIRES, Herculano. Chico Xavier pede licença.

 Espíritos Diversos, Cap 7.


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