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quarta-feira, dezembro 18, 2024

Jesus Vem a Terra no Natal - Gerson Simões Monteiro


 


Jesus Vem a Terra no Natal


Gerson Simões Monteiro

 

“Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei”.


Esse convite de Jesus há mais de dois mil anos mantém a nossa esperança nos momentos difíceis que passamos neste mundo.

 

Quantas vezes buscamos a presença amorosa do Cristo na hora da dor, e Dele sempre recebemos forças para carregar a cruz com ânimo e coragem.


*

Independente desse convite, segundo Chico Xavier, Jesus vem a Terra, entre 23 horas do dia 24 e uma hora do dia 25 de dezembro, quando comemoramos o natalício Dele.

 

Segundo Chico, muitos Espíritos se preparam durante dez anos para acompanhar o Mestre nessa peregrinação, recolhendo criaturas anônimas na desencarnação, como a registrada pelo poeta Cornélio Pires, publicada no livro Antologia mediúnica do Natal.

 





Eis a poesia recebida por Chico Xavier, intitulada Natal de Maria:

 

“Noite... Natal!... Na hora derradeira,

 

Sozinha num brejão, com sede e fome,

 

Morre jogada à febre que a consome.

 

A velhinha Maria Cozinheira...

 

Lembra o Natal dos tempos de solteira,

 

Olha a esteira enrolada e o chão sem nome,

 

Mas, de repente, vê que tudo some,

 

Está livre do corpo e da canseira!..

 

 Ouve cantos no céu que se descerra:

 

— "Glória a Deus nas alturas!... Paz na Terra...

 

 Maria, sem querer, sobe espantada...

 

Nisso, irrompe do Azul divina estrela...

 

Alguém surge!... É Jesus a recebê-la

 

 No sublime clarão da madrugada”.

*



 

Outra de Cornélio Pires, Despedida de Vital:

 

“Lua cheia... Na choça a que se apega,

 

 Morre Vital, velhinho, olhando o morro...

 

 Por prece, escuta a arenga do cachorro,

 

Ganindo nas touceiras da macega.

 

Pobre amigo!...

 

Agoniza sem socorro,

 

Chora lembrando o milho na moega...

 

Oitenta anos de lágrimas carrega

 

Na carcaça jogada ao chão sem forro.

 

 

Suando, enxerga um moço na soleira.

 

“ Eu sou leproso...”— avisa em voz rasteira,

 

Mas diz o moço, envolto em luz dourada:

 

“Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...”

 

“ E o velho sai das chagas de mendigo

 

 Para um carro de estrelas da alvorada”.

 

Numa dessas visitas ao nosso mundo no dia de Natal, Jesus acolheu a alma de Mariazinha, menina que morreu com fome, cansada e doente, estirada numa calçada de uma cidade brasileira.

*

Ao assistir a esse fato na vida espiritual, a poetisa cearense Francisca Clotilde fez a sua narrativa em versos pela mediunidade de Chico Xavier, sob o título “Conto de Natal”, publicado no livro Antologia Mediúnica do Natal.

 



 



Conto de Natal

Francisca Clotilde Barbosa Lima

 

A noite é quase gelada.

 

Contudo, Mariazinha

 

É a menina de outras noites

 

Que treme, tosse e caminha...

 

Guizos longe, guizos perto...

 

É Natal de paz e amor.

 

Há muitas vozes cantando:

 

– “Louvado seja o Senhor!”

 

A rua parece nova

 

Qual jardim que floresceu.

 

Cada vitrina enfeitada

 

Repete: “Jesus nasceu!”

 

Descalça, vestido roto,

 

Mariazinha lá vai...

 

Sozinha, sem mãe que a beije,

 

Menina triste sem pai.

 

Aqui e ali, pede um pão...

 

Está faminta e doente.

 

– “Vadia, saia depressa!”

 

É o grito de muita gente.

 

– “Menina ladra!” – outros dizem.

 

– “Fuja daqui, pata feia!

 

Toda criança perdida

 

Deve dormir na cadeia.”

 

Mariazinha tem fome

 

E chora, sentindo em torno

 

O vento que traz o aroma

 

Do pão aquecido ao forno.

 

Abatida, fatigada,

 

Depois de percurso enorme,

 

Estira-se na calçada...

 

Tenta o sono, mas não dorme.

 

Nisso, um moço calmo e belo

 

Surge e fala, doce e brando:

 

– Mariazinha, você está dormindo

 

ou pensando?

 

 

A pequenina responde,

 

Erguendo os bracinhos nus:

 

– Hoje é noite de Natal,

 

Estou pensando em Jesus.

 

– Não lhe lembra mais alguém?

 

Ela, em lágrimas, disse:

 

– Eu penso também, com saudade,

 

Em minha mãe que morreu...

 

– Se Jesus aparecesse,

 

Que é que você queria?

 

– Queria que ele me desse

 

Um bolo da padaria...

 

 

Depois de comer, então –

 

e a pobre sorriu contente –

 

Queria um par de sapatos

 

E uma blusa grande e quente.

 

Depois... queria uma casa,

 

Assim como todos têm...

 

Depois de tudo... eu queria

 

Uma boneca também...

 

– Pois saiba, Mariazinha,

 

Eu lhe digo que assim seja!

 

Você hoje terá tudo

 

Aquilo que mais deseja.

 

– Mas, o senhor quem é mesmo!

 

E ele afirma, olhos em luz:

 

– Sou seu amigo de sempre,

 

Minha filha, eu sou Jesus!...

 

Mariazinha, encantada,

 

Tonta de imensa alegria,

 

Pôs a cabeça cansada

 

Nos braços que ele estendia...

 

E dormiu, vendo-se outra,

 

Em santo deslumbramento,

 

Aconchegada a Jesus,

 

Na glória do firmamento.

 

No outro dia, muito cedo,

 

Quando o lojista abriu a porta,

 

Um corpo caiu, de leve...

 

A menina estava morta.

 

Obs: Segundo informações do médium Francisco Cândido Xavier este fato ocorreu numa cidade da região Nordeste.

 

XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo . Antologia mediúnica do natal . Espíritos Diversos.


FONTE

MONTEIRO, Gerson Simões. Disponível em <https://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/gerson-monteiro/jesus-vem-terra-no-natal-3287675.html>. Acesso : 17 DEZ 2024.


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