ORAÇÃO
A oração não suprime, de imediato, os quadros da provação,
mas renova-nos o espírito,
a fim de que venhamos a sublimá-los ou removê-los.
Repara o caminho que a névoa amortalha,
quando a noite escura te distancia do Sol.
Em cima, nuvens extensas furtam-te aos olhos o painel das estrelas,
e embaixo, espinheiros e precipícios ameaçam-te os pés.
Debalde consultarás a bússola que a treva densa embacia.
Se avanças, é possível te arrojes na lama de covas escancaradas;
se paras, é provável padeças o assalto de traiçoeiros animais...
Faze, porém, pequenina luz, e tudo se modifica.
O charco não perde a feição de pântano
e a pedra mantém-se por desafio que te adverte na estrada;
entretanto, podendo ver, surgirás, transformado e seguro,
para seguir à frente, vencendo as armadilhas da sombra
e as aperturas da marcha.
Assim, também, é a oração nos trilhos da experiência.
Quando a dor te entenebrece os horizontes da alma,
subtraindo-te a serenidade e a alegria,
tudo parece escuridão envolvente e derrota irremediável,
induzindo-te ao desânimo e insuflando-te o desespero;
todavia se acendes no coração leve flama da prece,
fios imponderáveis de confiança ligam-te o ser à Providência Divina.
Exteriormente, em torno,
o sofrimento não se desfaz da catadura sombria;
a morte, ainda e sempre,
é o véu de dolorosa separação;
a prova é o mesmo teste inquietante
e o golpe da expiação continua sendo a luta difícil e inevitável,
mas estarás, em ti próprio,
plenamente refeito, no imo das próprias forças,
com a visão espiritual iluminada por dentro,
a fim de que compreendas, acima das tuas dores,
o plano sábio da vida,
que te ergue dos labirintos do mundo à bênção do amor de Deus.
Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier
Do livro: À luz da Oração
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