Minutos de Paz !

sábado, outubro 10, 2009


O que as crianças vêem na hora da morte



Admir Serrano




“A pequena Hattie estava morrendo e ela sabia disso. Mas, antes de despedir-se deste mundo, tinha algumas providências a tomar: queria dividir seus pertences com suas primas e amiguinhas – suas bonecas, seus livros, seus brinquedos etc.


Sentando-se na cama, chamou a mãe para perto de si e começou a dar-lhe instruções para a divisão de suas coisas. No meio da conversa, Hattie fez um repentino silêncio e fixou seu olhar em um ponto próximo ao teto de seu quarto; sua expressão era de que estava vendo e ouvindo alguém que só ela era capaz de ver.


Meneando a cabecinha, ela disse:


– Sim, vovó, já estou indo, espere só mais um pouquinho, por favor.


– Hattie, você está vendo a vovó?


– indagou o pai.


A pequena mostrou-se surpresa com a indagação.


– Sim, papai, estou. Por que você pergunta, você não está?


- Levantando o bracinho enfraquecido, apontou com o indicador um lugar próximo ao teto:


– Ela está lá, esperando por mim.


Hattie voltou-se à mãe e continuou suas instruções para a distribuição de seus pequenos tesouros de criança. De repente, parou de falar e olhou novamente para aquele mesmo lugar. Franzindo a testa, falou para a visão, com voz firme e um tanto impaciente:


– Sim, vovó, eu já estou indo. Dá para a senhora esperar eu terminar, por favor?


Terminada suas instruções, olhou para as pessoas que ali se encontravam, mãe, pai, irmãos e amigos. E com a voz fraca e a vida já se extinguindo do seu corpinho, despediu-se de cada uma delas. Acomodando-se novamente na cama, passou rapidamente o olhar em cada um dos presentes, depois o fixou naquele ponto do teto. Suas pálpebras começaram a descer sobre seus olhinhos já quase sem vida. Antes de dar o derradeiro suspiro, pronunciou suas últimas palavras:


– Pronto. Vamos, vovó.


E assim Hattie faleceu.



A avó de Hattie havia falecido algum tempo antes, e naquele momento estava lá para ajudar a netinha a desprender-se do corpo físico e acompanhá-la à sua nova morada. As duas eram muito apegadas, e certamente continuariam assim também do outro lado da vida.”


O relato acima, entre outros mais comoventes ainda de visões que crianças em estado terminal têm pouco antes de morrer, está em meu livro Morrer não é o fim (Petit Editora). A literatura das chamadas visões no leito da morte (VLMs), amplamente estudadas nos Estados Unidos por médicos, acadêmicos e enfermeiras presentes nos últimos dias de vida de crianças com doenças terminais, está repleta de casos semelhantes.



É muito normal crianças falarem da presença da avó ou do avô falecido, ou de um tio ou um amiguinho que lhe foi querido. Anjos e figuras religiosas ou visões de jardins paradisíacos também são comuns, assim como músicas de harmonia inefável.



Veja o caso de Anna, uma menina de sete anos que padecia de leucemia desde os dois anos. Com um sorriso angelical e o semblante iluminado como se uma luz divina pairasse sobre ela, disse à sua mãe instantes antes de passar deste mundo aos jardins de Deus:


“– Os anjos, eles são tão lindos! Você os vê, mamãe? Você os ouve cantar? Jamais tinha ouvido músicas tão lindas!



Isso dito, Anna deitou-se novamente; o sorriso ainda adornando-lhe os lábios; seu semblante envolto em luz e paz; dando seu último suspiro, seguiu os anjos que aí estavam para escoltá-la.


Para a família de Anna, a visão do que esperava sua filhinha no outro lado da vida depois de tanto sofrimento foi uma consolação, vinda diretamente do Criador.”


E não apenas crianças têm essas visões, adultos também. E não apenas em um estado ou país ou em uma determinada época, mas através dos tempos, por pessoas de todas as culturas, religiões, raças, idades, sexo, camadas socioeconômicas e de todos os níveis intelectuais, entre os mais ignorantes e os mais cultos”, escreve a doutora Angela M. Ethier no jornal de Oncologia Pediátrica ( 2005) na divulgaçao dos resultados de sua extensa pesquisa sobre esse fenômeno.


E que são essas visões, apenas alucinações criadas por um cérebro em vias de extinção, como postula a ciência materialista, ou comprovações de que algo em nós continua a existir após a morte?


Quando se pergunta aos pacientes o que fazem aquelas presenças que só eles vêem, eles respondem, quase que unanimamente, que estão aí para ajudar-lhes a deixar o corpo e acompanhá-los ao outro lado da vida.


Sejam alucinações ou comprovações da continuidade da vida, as visões no leito da morte possuem efeitos extremamente paliativos, tanto aos que partem desta vida como a seus familiares que ficam: aos primeiros, facilitam o processo e aliviam-lhes o temor da morte, e ao segundo, trazem-lhes o consolo de que seu ente querido não estava só neste momento tão crucial, e, possivelmente, continuará existindo, de alguma forma em algum outro lugar, em nosso imenso e misterioso universo.

Admir Serrano reside em Miami, é pesquisador de visões no leito da morte e outros fenômenos paranormais, é autor dos livros Morrer não é o fim (Petit Editora) e Nos Portais do Além (lançamento, junho 2008) Website do autor: www.admirserrano.com E-mail: admir@admirserrano.com