Minutos de Paz !

quarta-feira, janeiro 12, 2011


ANDRÉ LUIZ, de Jô e Waldo Vieira (desenho em papel, 1963)


QUEM FOI ANDRÉ LUIZ?

Hércio M. C. Arantes





Na década de 60, quando estudava a série das obras de André Luiz, psicografadas por Francisco Cândido Xavier, naturalmente entusiasmado com a riqueza de suas informações, colhidas em estágios realizados em vários setores de aprendizagem de Mais Além, e transmitidas com atraente descrição romanceada, também tive, como muitos confrades, a curiosidade de saber quem era o autor, desencarnado há poucas décadas, que se ocultava com aquele pseudônimo.  

Essa curiosidade foi aguçada por uma observação da revista Reformador, que, ao divulgar o lançamento de mais uma obra de André Luiz, pela Federação Espírita Brasileira (FEB), identificou-o como um ilustre médico do Rio de Janeiro.

Passei, então, a pesquisar sua identidade, consultando biografias de vultos da Medicina brasileira, embora lembrando sempre a advertência de Emmanuel, conforme se lê em seu prefácio para o livro Nosso Lar, o primeiro da série: “Embalde os companheiros encarnados procurariam o médico André Luiz nos catálogos da convenção. Por vezes, o anonimato é filho do legítimo entendimento e do verdadeiro amor.”

Confirmando a advertência do sábio guia espiritual do médium, minhas pesquisas foram infrutíferas. Elas indicavam, como o autor mais provável, o Dr. Álvaro Alvim (1863-1928), que escreveu vários livros médicos e foi mártir da Medicina brasileira. Alguns dados biográficos e a sua fisionomia, estampada na Enciclopédia Lello Universal, levavam a essa hipótese, que não satisfazia o nosso objetivo.

Citei a fisionomia porque a imagem de André Luiz já havia sido divulgada pelo Anuário Espírita 1964, que a apresentou juntamente com a entrevista desse espírito através dos médiuns Francisco C. Xavier e Waldo Vieira. Após essa entrevista, realizada em Uberaba (MG), em 1963, com a presença do devotado confrade Jô (Joaquim Alves, S. Paulo, SP, 1911-1985), autor de numerosas capas de livros espíritas, esse conhecido artista solicitou ao dr. Waldo um esboço da imagem de André Luiz, fundamentado em sua clarividência. Atendido em seu pedido, em face de sua facilidade para desenhar, Jô efetuou a arte-final daquele retrato.

Portanto, não encontrando uma solução clara para a questão, na primeira oportunidade recorri ao médium amigo Chico Xavier, participando-lhe minha pesquisa. Ele, como sempre, ouviu-me pacientemente, e, a seguir, esclareceu-me de forma incisiva: “Não perca tempo, pois a biografia de André Luiz, em Nosso Lar, está toda truncada.”

Com essa oportuna advertência, encerrei definitivamente minhas pesquisas, entendendo que havia, de fato, razões seriíssimas para o autor se ocultar, não só com o seu pseudônimo, mas também alterando sua própria biografia, sem nenhum prejuízo na transmissão dos ensinamentos superiores dos quais era portador.

Finalmente, o médium elucida-nos completamente

Em 20 de fevereiro de 1993, num fim de semana, ao visitar o estimado médium Chico Xavier, em sua residência, tivemos uma surpresa feliz.

Juntamente com três familiares – esposa Maria de Nazareth, nosso filho Hélio Ricardo e tio Hélio – entramos na copa de sua casa, local habitual em que ele recebia os visitantes, encontrando-o assentado, em palestra com alguns confrades, dentre eles, Dorival Sortino, presidente das Casas Fraternais O Nazareno, de Santo André (SP), e um médico, já idoso, do Rio Grande do Sul, que integrou a última turma de alunos do Dr. Carlos Chagas, no Rio de Janeiro. Este, quando residia nos Estados Unidos, teria auxiliado o médium quando em uma de suas viagens àquele país.

Logo depois que chegamos, Chico e o médico passaram a dialogar sobre a figura do professor Dr. Carlos Chagas (1879-1934), médico e cientista brasileiro que se tornou célebre por estabelecer, sozinho e simultaneamente, a etiologia, características patológicas e prevenção de uma nova e grave enfermidade, que em sua homenagem foi denominada doença de Chagas.

A certa altura da conversa, Chico abordou uma questão, que muito me surpreendeu, pois o seu esclarecimento nunca havia sido divulgado. Nesse momento, passamos a anotar a sua fala, como sempre fazíamos, eu e minha esposa, quando ouvíamos algo mais interessante do querido médium. Contou-nos, então, com naturalidade, que, ao terminar a psicografia do livro Nosso Lar, esperava que o seu autor usasse o seu próprio nome da última encarnação. Mas, para sua surpresa, certa noite, estando em desdobramento espiritual, mantendo um diálogo com Dr. Chagas, foi informado de que, para não criar problemas ao médium, ele usaria um pseudônimo. E, dentro de um ano, Chico entenderia melhor essa decisão.

A seguir, Chico perguntou-lhe qual pseudônimo ele usaria. Então o autor olhou para o irmão do médium, chamado André Luiz, que dormia na cama ao lado, e disse-lhe que usaria o nome dele. E assim foi feito.

A primeira edição do Nosso Lar foi lançada, pela FEB, em 1944, com prefácio de Emmanuel, datado de 3 de outubro de 1943. E o que aconteceria no próximo ano?

Em 1944, a sra. viúva do renomado escritor Humberto de Campos (1886-1935) pleiteou na Justiça os direitos autorais das obras mediúnicas de Humberto de Campos (espírito) recebidas por Francisco C. Xavier e editadas pela FEB. Surgiu, então, “o caso Humberto de Campos”, caracterizado como escândalo pela grande imprensa. A propósito, disse-nos o Chico: “Foi horrível por causa do alarme da imprensa.” (Ver depoimento do médium em Chico Xavier – o Apóstolo da Fé, Carlos A. Baccelli, LEEPP, 2002, cap. Chico, 89 primaveras!)

Após longa trajetória, o processo chegou ao fim com a absolvição dos réus: o médium e a editora. A partir dessa época, Humberto de Campos, espírito, passou a usar o pseudônimo de Irmão X em seus livros psicografados.

Portanto, é fácil entender a preocupação do Dr. Carlos Chagas (André Luiz) em não se identificar como autor de Nosso Lar, que, segundo a programação superior, representava o marco inicial de uma longa série de livros. Era necessário que, além do pseudônimo, o autor espiritual não fosse, de forma alguma, identificado, graças à providência de truncar dados de sua vida, sem afetar o elevado conteúdo da obra.

Reprodução do Anuário Espírita de 2004 – IDE – Araras, pelo mesmo autor. Novembro de 2009 – Edição número 423.



Recentemente, esta revelação foi feita pelo Dr. Inácio Ferreira (espírito) em sua obra Na próxima dimensão, psicografada pelo médium Carlos A. Baccelli:

- (…) um dia fui Carlos Chagas (…)

-Você não era Osvaldo Cruz?… – indaguei sem vacilar.

- Não!…

- E por qual motivo não se identificou desde o início?

- A obra do médium Xavier não necessitava do meu nome para lhe conferir credibilidade e, depois, precisávamos evitar maiores problemas para a Doutrina…

- Está se referindo ao caso envolvendo a família do escritor Humberto de Campos?

- A ele e ao estardalhaço que a imprensa leiga haveria de promover; se próprio Emmanuel constitui pseudônimo, porque eu não poderia ter feito o mesmo?…” (Cap. 33)





WALDO VIEIRA CONFIRMA: ANDRÉ LUIZ FOI CARLOS CHAGAS!

EM DEPOIMENTO DADO NO DIA 21 DE JULHO DE 2010, O DR. WALDO VIEIRA CONFIRMA TER SIDO ANDRÉ LUIZ O PSEUDÔNIMO DO DR. CARLOS CHAGAS – E NÃO, COMO MUITOS ACREDITAM, OSVALDO CRUZ OU FAUSTINO ESPOSEL.

“Circula, na Internet, a informação que o senhor confirmou ao Sr. Osmar Ramos Filho que a “consciex” André Luiz foi o médico carioca Faustino Esposel… – Não! Isso é invenção! Besteira! Não tem nada que ver com isso! – Como eu assisti a uma conferência sua na antiga sede do IPC, na Rua Santo Amaro – então! – em que o senhor afirmou ser André Luiz o Carlos Chagas, gostaria que o senhor esclarecesse.

Afinal, para o senhor, quem foi André Luiz?”

- Olha aqui. Vamos clarear isso de uma vez por todas. Existem dezenas de besteirada aí na Internet, falando a meu respeito, coisa que eu nem sei o que é (…). Eu já expliquei isso há muito tempo.

A primeira coisa – vamos falar o que era o caso de Carlos Chagas.

O filho do Carlos Chagas, que era o Carlos Chagas Filho, era o cientista-mór, durante vários anos, do Departamento de Ciência do Vaticano. Como é que a gente ia falar que ele era o Carlos Chagas, na ocasião? (…)

Agora, o que é que se passa? Eu conheci as coisas todas, André Luiz, fora do corpo, antes de conhecer o Chico Xavier no corpo. Vê se me entendem… Outra coisa: ele era de Minas Gerais, ele trabalhou lá.

Outra coisa: quando eu cresci e fui fazer o curso de Medicina, o meu professor de Doenças Tropicais foi assim com ele, trabalhou com ele no mesmo laboratório, um velhinho, era meu professor, a gente sabia de tudo, conheceu o Carlos Chagas de perto! Agora, veja.

Eu sabia, por exemplo, que o André Luiz era o Carlos Chagas e vi a mesma situação, mas ele não queria que eu falasse nada.

Quando o Chico veio me mostrar, eu já tinha recebido um monte de mensagens dele. Era a mesma situação. (…)

Agora, isso aqui eles inventaram (…). Isso tudo é besteirada! É folclore! É a lenda! A saga, as tolices que criaram em torno disso tudo (…).

O André Luiz, que é o Carlos Chagas… Por que é que eu tinha contato com ele? Porque ele era médico, e é o que eu ia fazer. E a minha situação toda era essa.

Quando eu conheci o Chico, já estava no curso de Medicina, mas já sabia das coisas todas, já tinha recebido mensagem dele, desde os 13 anos (…). O negócio é mais sério, é mais embaixo.

Outra coisa: o próprio Chico falou que não podia falar o nome dele, porque se não… Já tinha dado um escândalo enorme a respeito de Humberto de Campos, que era o Irmão X – depois mudou –, deu até processo no Tribunal por causa disso – a gente não pode estar expondo uma pessoa que a família vem em cima.

Agora, hoje eu falo isso tudo, porque muita gente já morreu, você está entendendo?! Ou muita gente já “dessomou”, o negócio aí já caminhou e eu também já não estou mais no Movimento Espírita, não tenho nada mais a ver com o assunto…

(Depoimento do Dr. Waldo Vieira, no Youtube, em 21 de julho de 2010)

FONTE:
 
Despertar Espiritual.

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