Eu estou certo
Por que queremos sempre ser os donos da verdade?
Por que nossas ideias precisam sempre prevalecer?
Será que precisamos vencer todas as discussões que travamos?
Dale Carnegie, escritor e orador americano, autor do best
seller: Como fazer amigos e influenciar pessoas, narra uma experiência
particular muito rica.
Conta ele:
Certa noite, estava num banquete dado em honra a um homem
muito importante.
Durante esse banquete, um outro homem que estava sentado ao
meu lado contou um caso que girava em torno da seguinte afirmativa: "Há
uma Divindade que protege nossos objetivos, traçando-os como os
desejamos."
Ele mencionou que tal frase era da Bíblia.
Enganara-se. Eu sabia disso. Sabia, e com toda a certeza.
Não podia haver a menor dúvida a respeito.
E assim, para conseguir um ar de importância e demonstrar
minha superioridade, tornei-me um importuno e intrometido encarregando-me de
corrigi-lo.
Acionou suas baterias. "Quê? De Shakespeare?
Impossível! Absurdo! Essa frase era da Bíblia." E ele conhecia.
O homem que narrava o caso estava sentado á minha direita, e
o senhor Frank Gammond, meu velho amigo, à minha esquerda.
O Sr. Gammond havia dedicado anos ao estudo de Shakespeare.
Assim, o narrador e eu concordamos em submeter a questão ao Sr. Gammond.
Este escutou, cutucou-me por baixo da mesa e disse:
"Dale, você está errado. O cavalheiro tem razão, a frase é da
Bíblia."
De volta para casa, disse ao Sr. Gammond: "Frank, eu
sei que a frase é de Shakespeare."
"Sim, naturalmente", respondeu. "Hamlet, ato
V, cena 2. Mas nós éramos convidados numa ocasião festiva, meu caro Dale.
Por que provar a um homem que ele estava errado? Isso iria
fazer com que ele gostasse de você? Por que não evitar que ele ficasse
envergonhado?
Não pediu sua opinião. Não a queria. Por que discutir com
ele? Evite sempre um ângulo agudo."
O homem que me disse isso ensinou-me uma lição inesquecível.
Eu não só tinha embaraçado aquele contador de estórias, como também o meu
amigo.
Teria sido muito melhor se eu não tivesse sido
argumentativo.
* * *
A necessidade de sermos aceitos num grupo, de mostrar o que
sabemos, muitas vezes nos coloca em situações desagradáveis.
Somos descorteses e inconvenientes, querendo provar um ponto
de vista com veemência, apenas para que todos percebam como eu estava certo.
Será que o mais importante nessas conversas é estar certo ou
ser polido, fraterno com a outra pessoa?
Por que nossas ideias precisam sempre prevalecer?
Eis o orgulho disfarçado de sapiência, de eloquência,
esquecendo que o amor nos faz querer ajudar o outro, em toda oportunidade, e
nunca desmerecê-lo.
Pensemos sobre isso, e nas conversações lembremos de dar
espaço ao outro, de procurar exaltar as qualidades do próximo, sendo polidos e
amáveis em toda oportunidade.
A caridade tem mais nuances do que se pode imaginar...
Redação do Momento Espírita com base no cap. I, pt. III, do
livro Como fazer amigos e influenciar
pessoas, de Dale Carnegie, ed. Companhia
Editora Nacional.Disponível em www.momento.com.br.
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