Manifestações estudantis pelo Brasil
Divaldo Pereira Franco
"Quando as injustiças sociais atingem o clímax e a
indiferença dos governantes pelo povo que estorcega nas amarras das
necessidades diárias, sob o açodar dos conflitos íntimos e do sofrimento que se
generaliza, nas culturas democráticas, as massas correm às ruas e às praças das
cidades para apresentar o seu clamor, para exigir respeito, para que sejam
cumpridas as promessas eleitoreiras que lhe foram feitas...
Já não é mais possível amordaçar as pessoas, oprimindo-as e
ameaçando-as com os instrumentos da agressividade policial e da indiferença
pelas suas dores.
O ser humano da atualidade encontra-se inquieto em toda
parte, recorrendo ao direito de ser respeitado e de ter ensejo de viver com o
mínimo de dignidade.
Não há mais lugar na cultura moderna, para o absurdo de
governos arbitrários, nem da aplicação dos recursos que são arrancados do povo
para extravagâncias disfarçadas de necessárias, enquanto a educação, a saúde, o
trabalho são escassos ou colocados em plano inferior.
A utilização de estatísticas falsas, adaptadas aos
interesses dos administradores, não consegue aplacar a fome, iluminar a
ignorância, auxiliar na libertação das doenças, ampliar o leque de trabalho
digno em vez do assistencialismo que mascara os sofrimentos e abre espaço para
o clamor que hoje explode no País e em diversas cidades do mundo.
É lamentável, porém, que pessoas inescrupulosas,
arruaceiras, que vivem a soldo da anarquia e do desrespeito, aproveitem-se
desses nobres movimentos e os transformem em festival de destruição.
Que, para esses inconsequentes, sejam aplicadas as
corrigendas previstas pelas leis, mas que se preservem os direitos do cidadão
para reclamar justiça e apoio nas suas reivindicações.
O povo, quando clama em sofrimento, não silencia sua voz,
senão quando atendidas as suas justas reivindicações. Nesse sentido, cabe aos
jovens, os cidadãos do futuro, a iniciativa de invectivar contra as infames
condutas... porém, em ordem e em paz."
* Divaldo Franco
escreve às quintas-feiras, quinzenalmente no Jornal A Tarde/Salvador Bahia.
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