Natal comercial?
Quando nos convidaram a nos engajarmos na campanha dos
Correios que, pelo Natal, objetiva brindar crianças carentes com presentes, não
imaginamos que seria tão gratificante.
Primeiro foram as emocionantes cartas. Escritas por crianças
das escolas públicas da capital paranaense, traduziam o sonho de cada uma.
Os pedidos variavam de bonecas a bolas e bicicletas. Houve
um menino, de onze anos, que não pediu presente para si mas para o irmãozinho,
que desejava muito um boneco Patati-Patatá.
Em cada cartinha, a alma da criança desnudando-se, como a da
menina que afirmava ser muito bagunceira. Mas tinha certeza que podia melhorar.
A mãe lhe dissera que ela não merecia ganhar nada, mas ela,
em nome do seu esforço de melhoria, pedia se seria possível ganhar uma boneca.
As crianças menores desenharam. Algumas somente rabiscaram o
impresso com linhas indecisas. A professora, com letra caprichada, traduzia o
que representava.
Um carro da Barbie com a Barbie dentro. Uma bola de futebol.
Uma casa de bonecas.
Se as cartas foram emocionantes, a recepção dos presentes
foi ainda mais.
Embalagens belíssimas, laços gigantes, coloridos,
cartões-resposta às cartinhas e desejos de um Feliz Natal.
Permitimos que as lágrimas nos umedecessem os olhos,
enquanto o coração nos parecia saltar do peito.
Perceber o carinho de cada pessoa, o esmero em atender o
desejo expresso pela criança nos mostrava o amor se expressando.
Houve quem encomendasse o brinquedo pela internet porque não
o encontrara nas várias lojas da capital.
Houve quem achasse que o pedido era singelo em demasia e
acrescentou, por conta própria, algo mais.
Para um menino que somente pedira um tênis, a resposta foi
acrescida de uma bola de futebol.
* * *
Ante a montanha de pacotes, ficamos a pensar naquelas
pessoas que dizem que não apreciam o Natal porque é tudo um grande comércio.
Particularmente acreditamos que quem assim se expressa
talvez tenha medo ou dificuldade para amar.
Natal é o evento máximo no mundo. É a data em que
comemoramos o aniversário do Ser Maior que a Terra já recebeu.
Tão grande que não coube na própria História do planeta, e a
dividiu entre antes e depois dEle.
O Rei Solar que se fez menino, para nos lecionar o amor. Em
comemoração à data especial, durante todo o mês de dezembro, há uma vibração
diferente no ar.
As pessoas se indagam como podem fazer feliz a alguém.
Doentes, idosos, mendigos, crianças carentes, todos são lembrados.
Há comércio? Desde que não se desça aos exageros, bendito
comércio que propicia que aqueles que detenham melhores condições possam
alegrar uma noite, a cada ano, a vida do seu irmão.
Possa fazer feliz uma criança com uma bola, uma boneca, um
carro de bombeiros com uma sirene barulhenta.
Uma avó que não sabe como comprar um brinquedo para a
netinha que está sob sua guarda e é surpreendida com uma enorme caixa de
boneca. E se emociona e chora.
Pode haver felicidade maior do que fazer alguém feliz?
Isso se chama Natal. Isso se chama Amor.
E tudo por causa de um Menino, nascido num estábulo, numa
noite em que cantaram os anjos e surgiu uma estrela diferente nos céus.
Redação do Momento Espírita. Disponível em
www.momento.com.br
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