10-A CANGALHA
Casimiro Cunha
Nos círculos de serviço, toda a gente que trabalha nem sempre sabe entender a nobreza da cangalha.
Não fosse ela, entretanto, que atende, promete e faz, e talvez o campo inteiro viveria estranho à paz.
Convenhamos na prudência que vem do rifão de antanho – basta, às vezes, uma ovelha para perder o rebanho.
O muar deseducado, que a força brutal anime, nunca perde ensejo ao coice e está sempre pronto ao crime.
Viveu ao léu, ameaçando a golpes de grosseria; Aparentando brandura, transborda selvageria.
Transforma-se, comumente, no animal rude e vilão, que se esquiva do trabalho, por preguiçoso e ladrão.
Todavia, chega o instante em que a cangalha, bondosa, comparece orientando, honesta, laboriosa.
Ligada por laço forte ao amigo da indolência, dá-lhe os bens da utilidade em luzes de experiência.
Perguntemos a nós mesmos, notando-a, modesta e bela, quais os homens deste mundo que podem viver sem ela.
O dever, como a cangalha, que tanta grandeza encerra, é a balança de equilíbrio nas vidas de toda a Terra.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 10, p.9.
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