Carta a minha mãe
Mãe, quando eu comecei a escrever esta carta, usei a pena do carinho, molhada na tinta rubra do coração ferido pela saudade.
As notícias, arrumadas como pérolas
em um fio precioso, começaram a saltar de lugar, atropelando o ritmo das minhas
lembranças.
Vi-me criança orientada pela sua paciência.
As suas mãos seguras, que me ajudaram a caminhar.
E todas as recordações, como um
caleidoscópio mental, umedeceram com as lágrimas que verteram dos meus olhos
tristes.
Assumiu forma, no pensamento
voador, a irmã que implicava comigo.
Quantas teimas com ela.
Pelo mesmo
brinquedo, pelo lugar na balança, por quem entraria primeiro na piscina.
Parece-me ouvir o riso dela, infantil, estridente.
E você, lecionando calma, tolerância.
Na hora do lanche, para a lição da
honestidade, você dava a faca ora a um, ora a outro, para repartir o pão e o
bolo.
Quantas vezes seu olhar me
alcançou, dizendo-me, sem palavras, da fatia em excesso por mim escolhida.
As lições da escola, feitas sob sua
supervisão, as idas ao cinema, a pipoca, o refrigerante.
Quantas lembranças, mãe querida!
Dos dias da adolescência, do
desejar alçar voos de liberdade antes de ter asas emplumadas.
Dos dias da juventude que idealizavam
anseios muito além do que você, lutadora solitária, poderia me oferecer.
Lágrimas de frustração que você enxugou.
Lágrimas de dor, de mágoa que você limpou, alisando-me as faces.
Quantas vezes ouço sua voz
repetindo, uma vez mais:
Tudo tem seu tempo, sua hora!
Aguarde!
Treine paciência!
E de outras vezes:
Cada dia é oportunidade diferente.
Tudo que você tem é dádiva de Deus, que não deve desprezar.
A migalha que você despreza pode ser riqueza em prato alheio.
O dia que você perde na ociosidade é tesouro
jogado fora, que não retorna.
Lições e lições.
A casa formosa, entre os
tamarindeiros assomou na minha emoção.
Voltei aos caminhos percorridos
para invadi-la novamente, como se eu fosse alguém expulso do paraíso,
retornando de repente.
Mãe, chegou um momento em que a
carta me penetrou de tal forma, que eu já não sabia se a escrevera.
E porque ela falava no meu coração
dorido, voei, vencendo a distância.
E vim, eu mesmo, a fim de que você
veja e ouça as notícias vibrando em mim.
Mãe, aqui estou.
Eu sou a carta
viva que ia escrever e remeter a você
Entre as quadras da vida e as
atividades que o mundo o envolve, reserve um tempo para essa especial criatura
chamada mãe.
Não a esqueça.
Escreva, telefone,
mande uma flor, um mimo.
Pense quantas vezes, em sua vida,
ela o surpreendeu dessa forma.
E não deixe de abraçá-la,
acarinhá-la, confortar-lhe o coração.
Você, com certeza, será sempre para
ela, o melhor e mais caro presente.
Redação do Momento Espírita, com
frases do cap. XVI do livro Pássaros livres, pelo Espírito Rabindranath Tagore,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Disponível no CD Momento
Espírita v.18, ed. Fep.Disponível em www.momento.com.br.
Repetindo as lindas metáforas da saudosa escritora Ana Jácomo, minha mãe como sua avó, era uma alma perfumada.
"Perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores.
A minha, foi uma delas.
E o perfume era tão gostoso, tão
branco, tão delicado, que ela mudou de frasco, mas ele continua vivo no coração
de tudo o que ela amou.
E tudo o que eu amar vai encontrar,
de alguma forma, os vestígios desse perfume de Deus, que, numa temporada, se
vestiu de [...]Minha Mãe , para me falar de amor".
As metáforas de Ana Jácomo , são maravilhosas em especial a que se refere às almas perfumadas, porque hoje sabemos que os sentimentos também têm cheiro e tocam
todas as coisas com os seus dedos de energia.
Nestes dias em que relembramos mais um ano do seu retorno à Pátria Espiritual, pedimos a Deus que as nossas
vibrações de carinho, de amor, de gratidão cheguem até ela não só nesta data
mas em todas os demais dias.
Mãe, receba o nosso buquê de amor,
carinho, gratidão e tudo mais que nos legou com tanto amor e dedicação ...
Tenha dias muito felizes, junto aos nossos amores que também já retornaram à Pátria Espiritual e unidos pelos Laços de Amor, festejam esses dias com imensa alegria, por estarem tão próximos aos trabalhadores de Jesus e das Vibrações da Mãe Santíssima, que a senhora tanto nos ensinou a amar e respeitar!
Com muito Amor!
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