Saber Ouvir
Emmanuel
E - Cap. VII - Item 1
Tumulto e vozerio, nos atritos humanos, pedem um tipo raro de beneficência: a caridade de saber ouvir.
São muitos os que cambaleiam, desorientados, a mingua de tolerância que
os ouça.
Convém, no entanto, frisar que palavras não lhe escasseiam.
Falta-lhes o silêncio de um coração amigo, com bastante amor para ungir-lhes a alma, no bálsamo da compreensão;
e, por esse motivo, desfalecem na luta, à feição do motor que se
desajusta sem óleo.
Desdobras a mesa, ergues abrigo seguro, repartes a veste, esvazias a bolsa, atendendo aos que necessitam...
cede também o donativo da atenção aos angustiados, para que se lhes descongestione o trânsito das ideias infelizes, nas veredas da alma.
Para que lhes prestes, entanto, o amparo devido, não mostres o ar distante dos que não querem se incomodar e nem digas a frase clássica: "pior aconteceu comigo", com a qual, muitas vezes, a pretexto de ajudar, apenas alardeamos egocentrismo, à frente dos outros, sem perceber que estamos a esmagá-los.
É possível que os teus problemas sejam realmente maiores entretanto, na Terra, ninguém possui medida conveniente para determinar a extensão dos sofrimentos alheios.
Desce, pois, do alto nível de tuas dores, minorando aquelas que te pareçam mais simples.
Deixa que o próximo te relacione os próprios desgostos.
Se tiveres pressa ou cansaço, não pronuncies respostas tocadas de superioridade ou aspereza, qual se morasses numa cátedra de heroísmo, faze pausa, mesmo breve, e gasta um minuto de gentileza.
Todavia, sempre que possas, ouve calmamente, diminuindo a aflição que
lavra no mundo.
No instante em que te caiba configurar a palavra, dize a frase que esclareça sem ferir ou que reanime sem enganar.
Se a circunstâncias te impelem às referências de ordem pessoal, seleciona aquelas que sirvam aos outros, na condição de escora e esperança.
Sobretudo, em ouvindo, não interrompas quem fala com a vara do
reproche.
Geralmente, os que te procuram o entendimento para descarregar as agonias da alma, conhecem de sobra o calibre da cruz que eles mesmos colocaram nos ombros.
Rogam-te apenas alguma pequenina parcela de energia que lhes assegurem mais alguns passos, caminho adiante.
Aprendamos a ouvir para auxiliar, sem a presunção de resolver.
O próprio Cristo consolando e abençoando, esclarecendo e servindo, não prometeu a supressão imediata das provações de quantos o cercavam, mas, sim, apelava, sincero:
"Vinde a mim, que eu vos aliviarei."
XAVIER,
Francisco Cândido; Waldo Vieira Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. Opinião
espírita, cap 38. Jesus
Cristo: Ilustração Reproduzida da Internet.
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