Ternura
Meimei
Cap. XIV – Item 3
Mãezinha querida.
Lembro-me de ti quando acordei para
recordar.
Debruçada no meu berço, cantavas
baixinho e derramavas no meu rosto pequeninas gotas de luz, que mais tarde, vim
a saber serem lágrimas.
Conchegaste-me no colo, como se me transportasses
a brandos ninhos, desde então nunca mais me deixaste.
Quando os outros iam à festa, velavas comigo, ensinando-me a pronunciar o bendito nome de Deus...
Noutras ocasiões,
trabalhavas de agulhas nos dedos, contando histórias de bondade e alegria para
que eu dormisse sonhando...
Se eu fugia, quebrando o pente, ou se
voltava da escola com a roupa em frangalhos, enquanto muita gente falava em
castigos, afagavas minhas mãos entre as tuas ou beijavas os meus cabelos em
desalinho.
Depois cresci, vendo-te ao meu lado, à feição de um anjo entre quatro paredes...
Cresci para o mundo, mas nunca
deixei de ser, em teus braços, a criança pela qual entregaste a vida.
E, até agora, dia a dia, esperas,
paciente e doce, o momento em que me volto para teus olhos, sorrindo pra mim e
abençoando-me sempre, ainda mesmo quando os meus problemas te retalhem o peito
por lâminas de aflição!...
Hoje ouvi a música dos milhões de
vozes que te engrandecem...
Quis apanhar as constelações do Céu e
misturá-las ao perfume das flores que desabrocham no chão, para tecer-te uma
coroa de reconhecimento e carinho, mas, como não pudesse, venho trazer-te as
pétalas de amor que colhi em minh’alma.
Recebe-as Mãezinha!...
Não são pérolas, nem brilhantes da Terra...
São as lágrimas de ternura que Deus me deu
para que te oferte o meu coração, transformado num poema de estrelas.
Meimei
XAVIER, Francisco Cândido; Waldo Vieira Por Espíritos Diversos. Espírito da verdade, cap 51. Mãe e Filha: Ilustração Reproduzida da Internet. Arte: Athen_93.
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