Curiosidades
Sobre O Dr. Zerbini
Aníbal
Leite de Abreu
O mais célebre cirurgião de transplantes do coração do país narra a sua experiência com fatos espíritas.
Dois Espíritos de médicos assistiram uma de suas primeiras cirurgias.
Ele conta como o caso aconteceu, há mais de 40 anos.
O autor desta matéria solicitou ao Dr. Zerbini a devida autorização para a publicação desse eloquente e incontestável depoimento, que vem enriquecer a literatura espírita.
O doutor e professor Eurycledes de Jesus Zerbini, na sua última visita à cidade de Pindamonhangaba, SP, para proferir na Santa Casa local uma de suas eruditas palestras sobre cardiopatias e cirurgias cardíacas, num bate-papo com o autor deste comentário, mostrou-se adepto do niilismo, em face da sua incompreensão a respeito do trágico acidente que vitimou o seu filho Eduardo, médico, quando há quase quinze anos antes este procurava socorrer uma senhora, em dificuldades com o seu veículo, no elevado da Praça 14 BIS, em São Paulo.
Com argumentos da Lei de Causa e Efeito, procuramos
dissuadir o eminente professor Zerbini daquela ideia fixa de responsabilizar
Deus, pelo acontecido.
–
Mas como vou aceitar esse Deus que você diz ser de amor, de bondade e de
perfeição, se ele me deu uma implacável paulada na cabeça, tirando de mim um
filho querido, que seria o meu sucessor na área médica, um moço bom, dedicado,
que tinha um grande futuro e no momento fatídico do desastre, praticava uma
louvável ação?
Daí, a conversa prolongou-se.
De um lado, argumentos aparentemente lógicos e até certo ponto convincentes e de outro, argumentos racionais, fundamentados numa fé esclarecida, raciocinada e que não dava azo a sofismas.
A conversa se
estendeu sem que chegássemos a um acordo, tal a relutância do emérito cirurgião
em defender o seu ponto de vista.
No
dia 10 de outubro, estivemos em São Paulo, levando ao professor Zerbini o livro
“O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec, que trata da Justiça Divina, para que os
argumentos contidos naquela obra se não rompessem a incompreensão do ilustre
cientista, pelo menos, abassem o seu ateísmo.
Mais
uma vez tivemos a ventura de desfrutar de útil e oportuno diálogo com tão
ilustrada personalidade, a qual, na sua peculiar cordialidade e lhaneza, nos
convidou a sentar ao seu lado, junto à sua mesa e, abrindo o livro que lhe
ofertamos, foi logo dizendo:
“Allan
Kardec foi um grande pensador…” passando então a nos narrar um fato
interessantíssimo:
Ele era ainda bem moço, médico recém-formado, precisamente nos últimos anos da década de 1930 entre os anos de 1938 e 1940 e trabalhava no consultório do Dr. Alípio Corrêa Neto, à Rua Marconi, 94, em São Paulo, Capital.
Certo dia, eis que adentra ao consultório um senhor de meia idade, apresentando-se como diretor da revista espírita “A Centelha”.
Dizia o consulente que no Centro Espírita onde ele frequentava, um Espírito havia lhe dito que ele deveria passar por uma cirurgia de hérnia na virilha.
O Espírito o
advertiu de que no ato operatório o paciente não poderia ser submetido à
anestesia tradicional, mas que procurasse, naquela rua, um consultório médico,
onde um facultativo, o Dr. Zerbini, havia descoberto um novo processo de
anestesia (Protóxido de azoto) que seria naturalmente benéfico e indicado para
o seu caso.
Todavia, o jovem médico, Dr. Zerbini, na sua tão pronunciada humildade, alegou ao consulente que ele era recém-formado e não dispunha de muita prática para realizar a cirurgia solicitada.
Mas o paciente insistiu tanto que o dr. Zerbini
acabou por aquiescer ao pedido, embora procurasse argumentar que havia outros
cirurgiões de fama, que melhor poderiam atender ao insistente pedido do
paciente.
Marcado
o dia da intervenção e outros detalhes, o paciente tinha um pedido especial a
fazer: que na sala de cirurgia fosse permitida a presença de uma senhora
(naturalmente uma médium) que deveria ali permanecer devidamente concentrada,
orando.
Diz
o Dr. Zerbini com certa graça:
–
Naquele tempo não existia muito rigor em se tratando de assepsia e nem se
falava em infecção hospitalar e a presença da senhora foi permitida.
No
dia aprazado, no horário estabelecido, iniciou-se a cirurgia e o Dr. Zerbini,
atento à delicada intervenção, esqueceu-se por completo da presença estranha
daquela mulher. Após o ato cirúrgico, desenvolvido com pleno êxito, o Dr.
Zerbini lembrou-se da senhora e voltando a ela disse-lhe:
– Desculpe-me, até esqueci-me da senhora.
Por acaso a senhora viu ou notou alguma
coisa?
A
dita senhora acenou afirmativamente e respondeu:
– Vi sim senhor.
Dois Espíritos de médicos à sua retaguarda conversavam sobre o
sucesso da cirurgia e comentavam o método usado de anestesia.
Dr.
Zerbini, curioso, desejando obter maiores informações a respeito do inusitado
fato, perguntou à médium:
– A
senhora poderia me dizer os nomes deles?
– Sim – respondeu a senhora – Um diz chamar-se Batista e o outro, Werneck.
O
fato singular é que esses dois médicos desencarnados, quando na vida física,
haviam escrito em parceria, uma obra intitulada: Semiologia Cirúrgica, volume
que permanecia na mesa do Dr. Alípio Corrêa Neto e que era por ele consultada
quase que diariamente.
Os dois médicos eram: Dr. Fábio Leoni Werneck, entomólogo, médico e farmacêutico pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
*
Trabalhou no Instituto Oswaldo Cruz, tendo publicado trabalhos sobre insetos e dr. João Benjamim Batista, médico, professor de técnica operatória e medicina experimental da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
FONTE
ABREU, Aníbal Leite de, Jornal Espírita, SP, 05/92 (artigo transcrito do “Anuário Espírita 1993”, pág. 85). Profº Dr. Euclydes de Jesus Zerbini , precursor dos transplantes cardíacos no Brasil: Imagem da internet

Nenhum comentário:
Postar um comentário
“Deixe aqui um comentário”