Lugares de Expiação
Emmanuel
Tema principal
Reunião pública de 27-11-1961.
1ª Parte — Cap. IV — Item 4.
Múltiplas são as conceituações dos infernos exteriores.
Para os hindus de várias legendas religiosas da antiguidade, a
região do sofrimento, para lá do sepulcro, dividia-se em dezenas de secções,
nas quais os Espíritos culpados experimentavam os martírios do fogo e da
asfixia, dos botes de serpentes e aves famélicas, de venenos e martelos,
lâminas e prisões.
Entre os chineses, acreditava-se que os condenados, após o
decesso, atravessavam privações e torturas, até caírem, exaustos, numa espécie
de segunda morte, com o suposto aniquilamento do próprio ser.
Egípcios possuíam aparatosos regimes de corrigenda para os
mortos que fossem implacavelmente sentenciados a penas aflitivas, sob as vistas
de Anúbis.
A crença popular grega admitia a existência de abismos
insondáveis, além-túmulo, onde os maus eram atormentados por agonias cruéis.
E, seguindo por vasta escala de concepções, a teologia
relaciona infernos hebraicos, persas, romanos, escandinavos, muçulmanos e ainda
os que são até hoje perfilhados pelos diversos departamentos da atividade
cristã.
Não ignoras que os sistemas de castigo, mentalizados para depois da morte, obedecem às idiossincrasias de cada povo, apresentando, por isso, variedades multiformes.
E sabemos igualmente, em Doutrina Espírita, que
existem outros infernos exteriores, a cercar-nos na Terra, entre os próprios
Espíritos encarnados.
Não longe de nós, vemos o inferno da ignorância, em que se debatem as inteligências sequiosas de luz,
o inferno das necessidades primárias absolutamente desatendidas,
o inferno dos entorpecentes,
o inferno do lenocínio,
o inferno do desespero
e o inferno das crianças desamparadas,
todos eles gerando os suplícios da sombra e da loucura, do pauperismo e da enfermidade, do abandono e da delinquência.
Em razão disso, embora respeitando as crenças alheias,
observemos as próprias ações, a fim de verificar o que estamos fazendo para
extinguir os infernos que nos rodeiam.
E, sobretudo, aprendendo e servindo, vigiemos o coração para
que a prática do bem nos garanta a consciência tranquila, de vez que todos
somos responsáveis pela nossa própria condição espiritual.
Disse-nos o Cristo: “O reino de Deus está dentro de vós” , ao que, de acordo com ele mesmo, ousamos acrescentar: e o inferno também.
XAVIER, Francisco Cândido ditada pelo Espírito Emmanuel . Justiça divina : estudos e dissertações em torno da obra “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec. , cap 78. Jesus Cristo: Ilustração Reproduzida da Internet. Arte : Monifath99.

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