Minutos de Paz !

terça-feira, abril 10, 2012

Perdoados mas não Limpos - Emmanuel


Perdoados mas não Limpos

Emmanuel


Em nossas faltas, na maioria das vezes, somos imediatamente perdoados, mas não limpos.


Fomos perdoados pelo fel da maledicência, mas a sombra que tencionávamos esparzir, na estrada alheia, permanece dentro de nós por agoniado constrangimento.



Fomos perdoados pela brasa da calúnia, mas o fogo que arremessamos à cabeça do próximo passa a incendiar-nos o coração.


Fomos perdoados pelo corte da ofensa, mas a pedra atirada aos irmãos do caminho volta, inconti- nenti, a lanhar-nos o próprio ser.


Fomos perdoados pela falha de vigilância, mas o prejuízo em nossos vizinhos cobre-nos de vergonha.


Fomos perdoados pela manifestação de fraqueza, mas o desastre que provocamos é dor moral que nos segue os dias.


Fomos perdoados por todos aqueles a quem ferimos, no delírio da violência, mas, onde estivermos, é preciso extinguir os monstros do remorso que os nossos pensamentos articulam, desarvorados.


Chaga que abrimos na alma de alguém pode ser luz e renovação nesse mesmo alguém, mas será sempre chaga de aflição a pesar-nos na vida.


Injúria aos semelhantes é azorrague mental que nos chicoteia.


A serpente leva consigo a peçonha que veicula.


O escorpião carrega em si próprio a carga venenosa que ele mesmo segrega.


Ridicularizados, atacados, perseguidos ou dilacerados, evitemos o mal, mesmo quando o mal assuma a feição de defesa, porque todo mal que fizermos aos outros é mal a nós mesmos.


Quase sempre aqueles que passaram pelos golpes de nossa irreflexão já nos perdoaram incondicio-nalmente, fulgindo nos planos superiores; no entanto, pela lei de correspondência, ruminamos, por tempo in-determinado, os quadros sinistros que nós mesmos criamos.


Cada consciência vive e envolve entre os seus próprios reflexos.


É por isso que Allan Kardec afirmou, convincente, que, depois da morte, até que se redima no campo individual, "para o criminoso, a presença incessante das vítimas e das circunstâncias do crime é suplício cruel".

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel.

 

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