Mediunidade e Autocura
A mediunidade é faculdade orgânica de que todos nós, em
graus diferentes, somos portadores.
Kardec, o mestre de Lion, nos esclarece,
contudo, que essa denominação aplica-se aquele a que a faculdade se apresenta
“bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes...” (1) .
Assim, não um dom, pois todos a possuímos.
Nem um privilégio.
As
classificações de médiuns e mediunidade variam muito.
Guardam relação com os
compromissos assumidos no mundo espiritual e com o progresso individual de cada
criatura.
Conquanto os
médiuns sejam classificados em dois grupos ─ de efeitos físicos e de efeitos
intelectuais ─ médiuns com faculdades semelhantes apresentam inúmeras
diferenças quanto à sua aplicação ou ostensividade.
Tudo depende de um
organismo mais ou menos sensível, conforme ensina Kardec.
A árvore da mediunidade
Costumo
explicar a mediunidade comparando-a a uma árvore ─ ‘a árvore da mediunidade’.
Para
entendermos isso, vamos imaginar que a raiz seja formada de duas palavras:
sensitivo e impressionável.
Todos nós somos sensitivos e impressionáveis.
A raiz ─ é a
fonte principal de alimentação de toda a árvore; onde tudo começa.
Seguindo
esse raciocínio, encontramos o princípio pelo qual Kardec define que todos são
médiuns, tendo em vista que em diversos momentos recebemos as impressões, mas
quase sempre não as compreendemos.
Isso resulta em sensações diversas como, por
exemplo, arrepios, calafrios, de que alguem está no local conosco, ou que
alguem passou por nós, etc.
No caule ─
encontramos a inspiração e a intuição.
Todos nós, mesmo quando não pensamos ou
raciocinamos em torno da inspiração ou da intuição, sempre estamos sendo
inspirados ou intuidos, para o bem ou para o mal.
Na maioria das vezes, julgamos
serem nossas todas as idéias, sejam elas de grande ou pequena monta.
É um fator
de tal ordem, que Kardec, ao questionar os Espíritos Codificadores sobre esse
tema ─ “Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? ─ teve
como resposta: “Muito mais do que imaginais”. Influem a tal ponto, que, de
ordinário, são eles que vós dirigem” (2) .
Os diversos
galhos ─ são as várias faculdades mediúnicas que Kardec define como “de efeitos
patentes”, em que nos especializamos para desempenhar nossa tarefa evolutiva na
terra. Ex.: psicofonia, psicografia, psicopraxia (3) , clarividência,
clariaudiência e outras tantas.
A mente e os fenômenos mediúnicos
Salientamos
que a mente é a base de todos os fenômenos mediúnicos.
Períspirito a
períspirito nos conectamos.
O pensamento e a vontade são os agentes dessa
conexão e facultam o intercâmbio entre os dois mundos: o físico e o espiritual.
Ao emitirmos um pensamento, ele reflete em
nosso períspirito, e outros Espíritos o podem ler como se fosse em um livro (4)
.
Diríamos até que, diante do avanço tecnológico, Espíritos de nossa ordem,
como também os mais evoluídos, veriam o nosso pensamento como em uma televisão
de plasma.
Essa emanação de ondas mentais, no entanto, pode atrair ou repelir,
refletindo uma lei universal: a lei de afinidade.
O complexo pineal
Mergulhados
no Éter Divino nos movemos e respiramos.
A física quântica nos mostra a
realidade das redes de conexão universal onde tudo está em tudo, razão pela
qual estamos intimamente interligados.
Os dois
mundos ─ o físico e o espiritual ─ são separados por estados vibratórios
diferentes.
Quanto ao mundo espiritual, podemos, através da sensibilidade
mediúnica, percebê-lo e com ele estabelecer contato.
Em constante
comunicação, através do complexo pineal (essa ‘antena’ potente e muitas vezes
despercebida em nossas experiências reencarnatorias) (5) , captamos, emitimos,
atraímos ou repelimos ondas mentais, de acordo com os nossos pensamentos, nos
processos de vibração e sintonia.
E mesmo que não identifiquemos a sua
existência, ela existe e é responsável pela faculdade mediúnica.
Nela reside a
plataforma orgânica da mediunidade.
Em essência,
somos o que pensamos.
E o que pensamos constitui a nossa plataforma mental de
contato com o plano espiritual.
Daí resultam as assimilações de correntes
mentais, muitas vezes doentias, pois, não rara vezes, estamos doentes da alma,
enfermos da raiva, da mágoa, do orgulho, da vaidade, presos aos laços da
matéria ou grudados nela pelo apego aos bens terrenos e pelo desejo de posse.
Entretanto,
não obstante vivermos ainda instintos primários e adorarmos as sensações,
estamos trilhando o campo dos sentimentos, na busca do Amor, tão decantado e
tão desconhecido.
Construímos,
então, a felicidade ou a infelicidade de acordo com o mundo mental em que nos
situamos.
Quanto a isso, destacamos, mais uma vez, o papel do complexo pineal,
que, além de emitir e receber ondas mentais, as transforma em reações
neuroquímicas, despejando em nosso organismo o fruto mental de nossas escolhas.
Por isso,
doente não cura doente.
Curar alguém significa, primeiro, buscar a nossa cura,
ou, no mínimo, estar em processo de renovação constante, que engloba reforma
íntima, mudança de hábitos, renovação de pensamento, auto amor, auto perdão,
resignação, o exercício do bem e a prática das várias expressões da Caridade,
na Terra e no além.
A cura e o poder da vontade
Por
oportuno, lembremo-nos do episódio da cura do paralitico (Lucas 5-18:24):
“Alguns
homens transportaram o paralítico numa cama e procuravam fazê-lo entrar.
Não
achando por onde o pudessem levar, por causa da multidão, subiram ao telhado,
e, por entre as telhas, o baixaram com a cama, até ao meio, diante de Jesus.
E,
vendo Ele a fé deles, disse-lhe: Homem, os teus pecados te são perdoados.
[...]
Que arrazoais em vossos corações? Qual é mais fácil? dizer: Os teus pecados te
são perdoados; ou dizer: Levanta-te, e anda?
Ora, para que saibais que o Filho
do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti
te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa. E, levantando-se
logo diante deles, e tomando a cama em que estava deitado, foi para sua casa,
glorificando a Deus. [...]”.
Como
vemos o poder da vontade, aliado ao conhecimento, pode operar o que o vulgo
chama de “verdadeiros milagres”.
Como em nossa doutrina, segundo a lógica dos
fluidos, o milagre não encontra espaço nem ressonância, isso ficaria apenas no
campo do acaso.
Mas o bom senso nos manda estudar as energias, conhecer a
intimidade dos fluidos, averiguar e esmiuçar o fenômeno da mediunidade, com o
intento de entender o espírito, o períspirito e o corpo físico.
O melhor
médium é sempre aquele que mais se conhece; o que busca, inquire e quer saber
de sí mesmo.
O “conhece-te a ti mesmo” (atribuído aos Sete Sábios - 650 a.c. -
550 a.C.), inscrito no portal do oráculo de Delfos, já revelava a necessidade
de autoconhecimento em nosso processo evolutivo.
Conhecendo-nos, seremos
capazes de discernir o que é e o que não é nosso, o que, nesse campo intrínseco
da fenomenologia medianímica, é deveras importante.
E assim,
envolvidos no campo da ciência espírita, mobilizados pela sua filosofia e pela
imensidão de questionamentos concernentes à vida e sua amplitude metafisica,
somos convocados, pela Sabedoria Divina, a desenvolver o reino dos céus que
está dentro de nós.
Para tal
propósito, no entanto, devem estar em nossa linha de ação o auto amor e a auto
iluminação, para que esse reino se exteriorize em nossas relações do dia-a-dia,
abrangendo tudo e todos à nossa volta, transformando-nos e transformando o
mundo.
Eis aí o
sentido da religião espírita, a ligação com Deus, fazendo-nos parte ativa do
seu reino.
Que
brilhe a vossa luz!
Leonardo Pereira
(Orador Espírita e trabalhador do Grupo Lamartine Palhano JR. em Goiabeiras).
Contato: leonardopereira2@yahoo.com.br
(1) - O Livro dos Médiuns (Allan Kardec) - Cap. XIX – Dos
Médiuns – item 159.
(2) - O Livro dos Espíritos(Allan Kardec) -Parte 2ª – Cap.
IX – questão 459.
(3) - Dicionário de Filosofia Espírita – Lamartine Palhano
Jr.
(4) - A
Gênese ( Allan Kardec) - Cap. XIV – item 15.
(5) - Dr. Sergio Felipe / Estudos sobre a glândula pineal – matéria sobre Medicina e Espiritualidade. (USP) Universidade
de São Paulo.
Foto banco de imagens google
Disponível em em http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/mediunidade-e-autocura-conhecendo-um-pouco-mais.
Acesso: 02 ABR 2015.
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