Minutos de Paz !

sexta-feira, novembro 20, 2015

Conhecimento sem amor - Eros




Conhecimento sem amor

Eros


O mestre, recolhido em meditação, semelhava-se a uma flor de lótus em pleno desabrochar.


Ensinando, o canto da sua voz evocava o cicio da brisa nas folhagens umedecidas pelo sereno da noite.


Os discípulos, à sua volta, enterneciam-se, aprendendo a conquistar o caminho da elevação.


- Vinde comigo - propôs-lhe um dia, o homem santo - e eu vos mostrarei a Lei de Justiça trabalhando as vidas rebeldes.


“Aquele cego recupera, na sombra, o mau uso da visão em outra vida.


“Este paralítico educa as pernas que o levaram ao crime noutra existência.


“Este imbecil recompõe a mente que explorou e vilipendiou em jornada pretérita.


“Os esfaimados, que se entredevoram, nos montes de lixo, ali, buscando detritos para se alimentarem, disciplinam os estômagos viciados pelos excessos, padecendo humilhação, a fim de se recuperarem do orgulho exacerbado em experiências carnais anteriores...”


Ante o quadro comovedor, um jovem discípulo, sensibilizado pelo amor que lhe brotava na alma sonhadora, interrogou:


- Não poderíamos fazer algo em favor desses infelizes que, afinal, são nossos irmãos?


- De forma alguma - bradou o homem que sabia. 


- Eles resgatam e devem sofrer o mal que fizeram. 


Ajudá-los, seria prejudicar o cumprimento das leis... 


Deixemo-los e cuidemos de evoluir, em nossa meditação e abandono do mundo...


O séquito prosseguiu, e o tempo venceu o ciclo das horas.


O mestre morreu, e um dia, não obstante houvesse conhecido a técnica da reencarnação, volveu ao proscênio terrestre, sob dificuldades morais e mentais muito severas, como decorrência do egoísmo que lhe minava as fibras da alma e da indiferença pela dor do próximo, que lhe enregelava o sentimento.


*


Não basta o conhecimento, desde que lhe não siga em-pós a ação benemerente e salvadora.


A fé, portanto, abençoada, morre ou é insuficiente para salvar o homem, caso as mãos da caridade não se distendam em atividade de amor..




FRANCO, Divaldo Pereira pelo Espírito Eros. Do livro Em algum lugar do futuro, 2.ed, 1987, p. 06.


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