70-O FAROLEIRO
Casimiro Cunha
Enquanto o leque da noite agrava a sombra e o perigo, a distância, eis que se acende o farol bondoso e amigo.
A luz define os caminhos, mostra o vulto dos rochedos, pode o barco prosseguir, a treva não tem segredos.
Tudo é noite sobre o abismo, mas na torre existe alguém, atento em manter a luz, disposto a fazer o bem.
É o faroleiro. Em silêncio clareia a amplidão do mar, determina o rumo certo e atende sem perguntar.
Navios maravilhosos, em prodígios de conforto, recebem-lhe o benefício e seguem, de porto a porto.
Passam barcos de descanso, jangadas laboriosas. . .
O farol ajuda sempre sem perguntas ociosas.
Todos devem ao farol, do comando ao marinheiro, mas quase ninguém conhece as dores do faroleiro.
Por servir e auxiliar, aceita uma condição: A vida de insulamento muita vez em privação.
Se ouvirmos as grandes vozes da verdade soberana, na terra acontece o mesmo nos mares da luta humana.
Quem possa trazer mais luz vive em campo solitário, tal qual o Mestre Amoroso da torre em cruz do Calvário.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha.Cartilha da natureza.São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 70, p.71.
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