72-O GRANDE RIO
Casimiro Cunha
Em marcha laboriosa, no sulco amplo e sombrio, profundo e silencioso eis que passa o grande rio.
Ao seu seio dadivoso, afluem fontes da serra, ribeiros de níveis altos, detritos de toda terra.
O rio mais elevado desce os montes à procura de sua paz generosa na marcha calma e segura.
Por saber harmonizar-se nos bens do mais baixo nível, conserva toda a imponência da grandeza indefinível.
Faz caminhos gigantescos, cria povos eminentes, é ele quem leva ao mar as águas dos continentes.
É pai das economias de todo o humano labor, mas quase ninguém se lembra dessa dívida de amor.
Que importa, porém? O mundo é o homem que esquece e cai, sem ver a missão do bem, nas bênçãos do próprio Pai.
O grande rio conhece a luz desse imenso arcano sobre o nível mais humilde busca a força do oceano.
Assim também a alma grande, nas últimas posições, recebe as ânsias de paz de todos os corações.
Em dores silenciosas, é o grande rio que vai, dando o bem a todo o mundo, em busca do amor do Pai.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 72, p.73.
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