A Complexa Vida No Mundo Espiritual
Gerson Monteiro –
Revista Cultura Espírita
Para falar sobre o tema, farei inicialmente um flash da
jornada evolutiva do homem na visão Espírita, partindo da concepção de que o
ser humano é a resultante do binômio corpo e alma.
A alma, perdendo a sua
roupagem física ao desencarnar, retorna à pátria de origem.
Porém, regressando
a Terra ou a outros mundos, em diferentes corpos, continua reencarnando até
atingir a perfeição espiritual.
Portanto, se no intervalo entre uma encarnação e
outra, como vimos, a alma retorna ao seu mundo de origem – o mundo espiritual,
é preciso saber quem são seus habitantes, quem vai “daqui para lá”, enfim, quem
é o viajor que regressa para o mundo de origem.
Comentei essa questão ao
prefaciar o livro Oh, James! Na poeira do tempo, de Júlio César de Sá Roriz,
traçando um panorama do perfil moral, cultural e intelectual das inúmeras almas
que partem diariamente da Terra, ingressando em outro plano da vida, despojadas
do corpo físico.
Procedem de todas as partes do mundo, das grandes metrópoles,
dos vilarejos, das aldeias, enfim, de todos os mais remotos cantos do
planeta.Além disso, ponderei naquele prefácio que muitas dessas almas tiveram
uma vida exemplar na Terra.
Outras, no entanto, viveram despreocupadas de seus
deveres nobilitantes.
Outras se acomodaram aos vícios de toda sorte, ou se
vincularam ao cego materialismo, acreditando que o túmulo era a última estação
de sua existência.
E lembro, ainda, aqueles que se filiaram às diversas escolas
religiosas da Terra.Diante desse panorama, constata-se que os incontáveis
viajores são portadores de patrimônio intelectual e moral bem diverso.
Porém,
diante da Justiça Divina, o silvícola, o homem do campo e o banqueiro de Wall
Street gozam dos mesmos direitos, e avaliando os seus diferentes
comportamentos, essa justiça sabe distinguir invariavelmente a virtude e o
crime.
Os seres oriundos da Terra formam inúmeros contigentes no plano
espiritual, e entre eles encontraremos os viciados, os exploradores, os honestos,
os santos e os delinqüentes, os heróis anônimos das virtudes, bem como os
malfeitores de toda ordem.
ONDE VIVEM OS ESPÍRITOS
Identificando, portanto, quem
“vai para lá”, isto é, os habitantes desse outro plano da vida, já podemos ter
uma idéia da complexa vida no mundo espiritual.
Mas onde vivem os 18 bilhões de
espíritos desencarnados, sabendo-se que a população de espíritos em torno da
Terra é da ordem de 25 bilhões, dos quais cerca de 7 bilhões estão
encarnados?
Para entendermos esta questão, vejamos a resposta à pergunta nº 234,
de O Livro dos Espíritos, feita por Allan Kardec, no item “Mundos
Transitórios”, quando aborda aspectos relativos à “Vida Espírita”:234 – “Há de
fato, como já foi dito, mundos que servem de estações ou pontos de repouso aos
Espíritos errantes?"
RESPOSTA – “Sim, há mundos particularmente destinados aos
seres errantes, mundos que lhes podem servir de habitação temporária, espécies
de bivaques, de campos onde descansem de uma demasiado longa erraticidade,
estado este sempre penoso.
(…)É claro que, como são graduais as revelações dos
Espíritos Superiores à humanidade, eles não poderiam, em 1857, falar de
comunidades de Espíritos errantes, isto é, de espíritos que aguardam novas
reencarnações até chegar à perfeição espiritual, habitando cidades estruturadas
em edificações na atmosfera terrestre sobre terreno fértil à vegetação, e tudo
com estreita semelhança ao que conhecemos na crosta.
Seria até bem possível que
os adversários do Espiritismo, diante dessa revelação, e de tamanha heresia,
mandassem reacender uma fogueira inquisitorial para queimar Allan Kardec como
herege.
Estou fazendo essa suposição pelo fato de, em pleno século XX, Chico
Xavier ter me contado que, ao psicografar o livro Nosso Lar, na década de 30,
ter sido taxado de “médium fascinado”, o que o deixou muito confuso com toda
essa situação.
Aliás, ele fez esse depoimento quando estive pessoalmente com
ele em sua casa em Uberaba, por volta de 1980.Contou-me ainda que, para
desfazer tudo isso, o Benfeitor Espiritual André Luiz levou-o em desprendimento
a um ponto bem acima de “Nosso Lar”, para que ele visse de cima a cidade, e
pudesse constatar a realidade do que estava psicografando.
Nesse momento, Chico
esclareceu-me ainda que o que ele viu naquela noite está exatamente desenhado
no mapa da planta baixa da colônia pela médium Heigorina Cunha, apresentado no
livro Cidade No Além.
COMO VIVEM OS DESENCARNADOS
Através, portanto, do livro
Nosso Lar, tem-se uma pálida idéia de como vivem os espíritos desencarnados na
outra dimensão, segundo as narrativas do Espírito André Luiz pelo médium Chico
Xavier, descrevendo a vida deles em “Nosso Lar”, cidade localizada no mundo
espiritual. André Luiz, em sua última existência na Terra, foi médico.
Em “Nosso
Lar”, André Luiz conta que, após a sua desencarnação, permaneceu durante oito
anos em estado de perturbação numa região do plano espiritual, que ele
denominou de “Umbral” por reunir temporariamente os espíritos desencarnados
desequilibrados pelos delitos cometidos na Terra.
Ele, no caso, foi levado para
essa região devido a erros praticados na sua juventude.
Após ser socorrido por
uma equipe de Benfeitores Espirituais, residentes em “Nosso Lar”, André Luiz
foi levado para tratamento em um hospital dessa cidade, na condição de enfermo
espiritual.Já refeito do seu desequilíbrio, André Luiz descobriu um mundo
palpitante, pleno de vida e atividades, constatando que os Espíritos
desencarnados procedentes da Terra, assim como ele, passam por um estágio de
recuperação e educação espiritual em diversos departamentos especializados
dessa cidade.
Constatou também que lá existem setores visando o planejamento de
novas reencarnações na Terra para esses espíritos; tais setores tratam da
escolha da família, da configuração do seu novo corpo, do mapa das provas pelas
quais o espírito deverá passar, etc.
Gerson Simões MonteiroVice-Presidente da
FUNTARSO (operadora da Rádio Rio de Janeiro)E-mail:
gerson@radioriodejaneiro.am.br
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