CONFIRA SE SEU CASAMENTO É PROVACIONAL OU...
Gerson Simões Monteiro
Casamento: progresso na marcha evolutiva da humanidade - Na
poligamia não há afeição real – Sexo e responsabilidade .
Classificação dos
casamentos: acidentais, provacionais, sacrificiais, afins, e transcendentes –
Compromissos esposados no lar
Como se sabe, o ser humano é uma criatura sociável que
necessita do convívio com outros seres para desenvolver-se e por em prática os
ensinamentos adquiridos numa permuta constante de experiências, e isso é feito
em sociedade.
A sociedade como a conhecemos é composta de várias outras
sociedades menores que são as famílias, e elas principiam no casamento.
O resultado natural do amor entre pessoas de sexos
diferentes é o casamento, quando se tem por meta o relacionamento sexual e
afetivo, geradores da família e do companheirismo.
O casamento representa um
alto estágio de evolução do ser, quando se reveste de respeito e consideração
pelo cônjuge, firmando-se na fidelidade e nos compromissos da camaradagem,
independente do tempo de duração deste casamento.
*
POLIGAMIA
Na resposta à questão 701 de O Livro dos Espíritos, os
Espíritos afirmaram a Allan Kardec que “a poligamia é lei humana, cuja abolição
marca um progresso social”.
Eles disseram que “o casamento, segundo as vistas
de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem, porque na
poligamia não há afeição real. O que há é apenas sensualidade e nada mais”.
A ligação sexual entre dois seres na Terra, segundo
Emmanuel, Guia Espiritual de Chico Xavier, na obra Vida e Sexo, envolve a
obrigação de proteger a tranquilidade e o equilíbrio de alguém que, no caso, é
o parceiro ou a parceira da experiência “a dois”.
E, muito comumente, os “dois”
se transfiguram em outros mais, na pessoa dos filhos e demais descendentes.
Aconselha Emmanuel que a criatura humana deve evitar
arrastamentos no terreno da aventura, em matéria de sexo, para que a desordem
nos ajustes propostos ou aceitos não venha a romper a segurança daquele ou
daquela que tomamos sob nossa assistência e cuidado, com reflexos destrutivos
sobre todo o grupo em que nos arraigamos.
SEXO E RESPONSABILIDADE
Para o Benfeitor Espiritual, as relações sexuais envolvem
responsabilidade. Homem ou mulher, adquirindo parceira ou parceiro para a
conjugação afetiva, não conseguirá, sem dano a si mesmo, tão somente pensar em
si.
Não se trata exclusivamente da ligação em base do matrimônio legalmente
constituído.
Se os parceiros da união sexual têm deveres a observar entre
si, em face de preceitos humanos, voluntariamente aceitos, no plano das
chamadas ligações extralegais, acham-se igualmente submetidos aos princípios
das Leis Divinas que regem a Natureza.
Pelo exposto, é evidente que o casamento representa um
avanço, um progresso nas relações humanas, fazendo com que o homem cada vez
mais discipline os impulsos sexuais e desenvolva o sentimento do amor.
Portanto
o casamento se concretiza pelo compromisso moral dos cônjuges e é assumido
perante o altar da consciência no Templo do Universo.
Naturalmente, o casamento
civil é um dever a ser cumprido pelos espíritas, porque legitima a união
perante as leis vigentes, que asseguram ao homem e à mulher direitos e deveres.
TIPOS DE CASAMENTOS
Martins Peralva, no capítulo 18 do livro Estudando a
Mediunidade, apresenta uma classificação dos tipos de casamentos na Terra, ao
analisar o capítulo "Em serviço espiritual" do livro Nos domínios da
mediunidade, quando André Luiz comenta as figuras de Celina e Abelardo, pelo
fato do esposo desencarnado continuar ao lado da médium, confirmando, assim,
alguns casos em que o matrimônio constitui alguma coisa além da união dos
corpos.
Em razão disso, Martins Peralva de uma forma didática classificou os
casamentos em cinco tipos principais, assim compreendidos:
ACIDENTAIS: É o encontro de almas inferiorizadas sem
ascendentes espirituais. Caracterizam-se pela falta de ligação afetiva.
A
aproximação dá-se através dos impulsos inferiores do casal e o relacionamento é
desprovido de simpatia ou antipatia.
Esses casamentos ocorrem em grande número
e, segundo Peralva, podem até dar certo, pois é possível os cônjuges se
adaptarem um ao outro, consolidando a união no tempo.
PROVACIONAIS: Reencontro de almas, para reajustamentos
necessários à evolução delas.
São os mais frequentes.
É por essa razão que há
tantos lares onde reina a desarmonia, onde impera a desconfiança, onde os
conflitos morais se transformam, tantas vezes, em dolorosas tragédias.
Deus
permite a união deles, através das leis do Mundo, a fim de que, pelo convívio
diário, a Lei Maior, da fraternidade, seja por eles exercida nas lutas comuns.
A compreensão evangélica, a boa vontade, a tolerância e a humildade são
virtudes que funcionam à maneira de suaves amortecedores.
O Espiritismo, pelos conhecimentos que espalha, é meio
eficiente para que muitos lares em provação, se reajustem e se consolidem,
dando, assim, os primeiros passos na direção do Infinito Bem.
O Espírita
esclarecido sabe que somente ele irá reparar as suas faltas, porém contando
sempre com o auxílio Divino.
SACRIFICIAIS: Deus permite, aí, o reencontro de alma
iluminada com alma inferiorizada, com o objetivo de redimir a que se perdeu
pelo caminho.
Reúnem almas possuidoras de virtude a outras de sentimentos
opostos.
Acontece quando uma alma esclarecida, ou iluminada se propõe ajudar a
que se atrasou na jornada ascensional.
Como a própria palavra indica, é casamento de sacrifício,
para um deles.
E o sacrificado tanto pode ser a mulher como o homem.
Quem ama
não pode ser feliz se deixou na retaguarda, torturado e sofredor, o objeto de
sua afeição.
Volta, então, e, na qualidade de esposo ou esposa, recebe o viajor
retardatário, a fim de, com o seu carinho e com a sua luz, estimular-lhe a
caminhada.
O Culto do Evangelho no Lar, como em toda a parte, funciona
à maneira de estimulante da harmonia e construtor do entendimento.
Um exemplo
desta categoria é o de Lívia com o senador Publio Lêntulus, transcrito no livro
Há Dois Mil Anos.
O senador, embora evoluído intelectualmente, era moralmente
inferior à Lívia, devido ao seu orgulho.
*
AFINS: Pela lei da afinidade, reencontram-se corações
amigos, para consolidação de afetos. São os que reúnem almas esclarecidas e que
muito se amam.
São Espíritos que, pelo casamento, no doce aconchego do lar,
consolidam velhos laços de afeição.
TRANSCENDENTES: São Almas engrandecidas no Bem que se buscam
para realizações imortais. São constituídos por almas que se reencontram, no
plano físico, para as grandes realizações de interesse geral.
A vida desses
casais encerra uma finalidade superior.
O ideal do Bem e do Belo enche-lhes as
horas e os minutos repletando-lhes as almas de doce ventura, acima de quaisquer
vulgaridades terrenas, acima das emoções inferiores, o amor puro e santo.
Todos nós passamos, ou passaremos ainda, segundo o caso, por
essa sequência de casamentos: acidentais, provacionais e sacrificiais, até
alcançarmos no futuro, sob o sol de um novo dia, a condição de construirmos um
lar terreno na base do idealismo transcendental ou da afinidade superior.
E
enquanto caminhamos, o Espiritismo, abençoada Doutrina, cumulará os nossos dias
das mais santas esperanças…
É evidente que o matrimônio, sagrado em suas origens, tem
reunido sob o mesmo teto os mais variados tipos evolutivos, o que vem
demonstrar que a união, na Terra, funciona, às vezes como meio de consolidação
de laços de pura afinidade espiritual, e, noutros casos, em sua maioria, como
instrumento de reajuste.
*
Algumas vezes o lar é um santuário, um templo, onde almas
engrandecidas pela legítima compreensão exaltam a glória suprema do amor
sublimado.
Porém, a maioria dos lares funcionam como oficina e hospital
purificadores, onde, sob o calor de rudes provas e dolorosos testemunhos,
Espíritos frágeis caminham, lentamente, na direção da Vida Superior.
*
Muito raro é o encontro de almas iluminadas com objetivos
elevados para trabalharem juntas com fins altamente construtivos.
Um exemplo de
casamento transcendente é o do próprio Allan Kardec com Amélie-Gabrielle
Boudet, que embora seu nome não seja citado na Codificação, sua participação e
apoio na vida de Kardec foram fundamentais para o cumprimento de sua missão.
CONCLUSÃO
O Espiritismo nos esclarece, portanto, que a instituição do
casamento é uma importante oportunidade concedida pela Misericórdia Divina para
o nosso aperfeiçoamento, e também dos espíritos de nossos familiares, na jornada
ascensional de nossa evolução. Por isso mesmo vale lembrar a recomendação de
Emmanuel no livro A Fé, Paz e Amor:
“Se encontrastes em casa, o campo de batalha, em que sentes
compelido a graves indenizações do pretérito, não te detenhas na dúvida!
Suporta
os conflitos à própria redenção, com valor moral do soldado que carrega o fardo
da própria responsabilidade, enquanto se desenvolver a guerra a que foi
trazido.
Não te esqueças de que o lar é o espelho, onde o mundo contempla o teu
perfil e, por isso mesmo, intrépidas e tranquilas nos compromissos esposados,
saibamos enobrecê-los e santificá-los.”
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