85-O POÇO
Casimiro Cunha
Quem segue ao sol calcinante, com sede desesperada, rende graças ao Senhor, achando um poço na estrada.
O quadro agreste, por vezes, não tem abrigo nem fonte, raras árvores se alinham, perdendo-se no horizonte.
Em meio à desolação, entre o calor e a secura, a cisterna dadivosa, guarda a bênção da água pura.
Há poços de toda idade, bem calçados, mal assentes, mais rasos e mais profundos, em dimensões diferentes.
No seu intimo, entretanto, trazem todos a água amiga, que socorre aos que sucumbem de desânimo e fadiga.
Quem tem sede se aproxima com cuidado e gratidão, e dispensa ao poço humilde, sempre a máxima atenção.
Lançando o copo ansioso, sem notar os sacrifícios, evita a poeira ou o lodo, que anulem os benefícios.
E sorve esse orvalho santo que vem da terra imperfeita, com o júbilo generoso de uma oração satisfeita.
No mundo, o mesmo acontece: Nas agruras do caminho, cada qual pode apelar às posses do seu vizinho.
Mas, se agita a lama em torno, como quem fere e escabuja, o poço apesar de bom, só pode dar-lhe água suja.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 85, p.86.
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