Associação
Emmanuel
Se o homem pudesse
contemplar com os próprios olhos as correntes de pensamento,
reconheceria, de pronto, que todos vivemos em regime de comunhão, segundo os
princípios da afinidade.
A associação mora em
todas as coisas, preside a todos os acontecimentos e
comanda a existência de todos os seres.
Demócrito, o sábio
grego que viveu na Terra muito antes do Cristo, assevera que “os
átomos, invisíveis ao olhar humano, agrupam-se à feição dos pombos, à cata de
comida, formando assim os corpos que conhecemos”.
Começamos agora a
penetrar a essência do microcosmo e, de alguma sorte, podemos
simbolizar, por enquanto, no átomo entregue à nossa perquirição, um
sistema solar em miniatura, no qual o núcleo desempenha a função de centro vital
e os eletrons a de planetas em movimento gravitativo.
No plano da Vida
Maior, vemos os sóis carregando os mundos na imensidade, em virtude
da interação eletromagnética das forças universais.
Assim também na vida
comum, a alma entra em ressonância com as correntes mentais em
que respiram as almas que se lhe assemelham.
Assimilamos os
pensamentos daqueles que pensam como pensamos.
É que sentindo,
mentalizando, falando ou agindo, sintonizamo-nos com as emoções e idéias de
todas as pessoas, encarnadas ou desencarnadas, da nossa faixa de
simpatia.
Estamos
invariavelmente atraindo ou repelindo recursos mentais que se agregam aos nossos,
fortificando-nos para o bem ou para o mal, segundo a
direção que
escolhemos.
Em qualquer
providência e em qualquer Opinião, somos sempre a soma de muitos.
Expressamos milhares
de criaturas e milhares de criaturas nos expressam.
O desejo é a alavanca
de fosso sentimento, gerando a energia que consumimos, segundo a
nossa vontade.
Quando nos detemos nos
defeitos e faltas dos outros, o espelho de nossa mente reflete-os, de
imediato, como que absorvem do as imagens deprimentes de que se constituem, pondo-se nossa imaginação a digerir essa espécie de alimento, que mais
tarde se incorpora aos tecidos Sutis de nossa alma.
Com o decurso do tempo nossa
alma não raro passa a exprimir, pelo seu veículo de manifestação o que
assimilara fazendo-o seja pelo corpo carnal, entre os homens, seja pelo
corpo espiritual de que nos servimos, depois da morte.
É por esta razão que
geralmente os censores do procedimento alheio acabam praticando as
mesmas ações que condenam no próximo, porquanto, interessados em descer
às minúcias do mal, absorvem-lhe inconscientemente as emanações,
surpreendendo-se, um dia, dominados pelas forças que o representam.
Toda a brecha de
sombra em nossa personalidade retrata a sombra maior.
Qual o pequenino foco
infeccioso que, abandonado a si mesmo, pode converter-se dentro de
algumas horas no bolo pestífero de imensas proporções, a
maledicência pode precipitar-nos no vício, tanto quanto a cólera sistemática nos
arrasta, muita vez, aos labirintos da loucura ou às trevas do crime.
Pensando, conversando
ou trabalhando, a força de nossas idéias, palavras e atos alcança, de
momento, um potencial tantas vezes maior quantas sejam as pessoas encarnadas
ou não que concordem conosco, potencial esse que
tende a aumentar
indefinidamente, impondo-nos, de retorno, as conseqüências de nossas próprias
iniciativas.
Estejamos, assim,
procurando incessantemente o bem, ajudando, aprendendo, servindo,
desculpando e amando, porque, nessa atitude, refletiremos os
cultivadores da luz, resolvendo, com segurança o nosso problema de companhia.
XAVIER, Francisco
Cândido pelo Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, Cap. 8, p.13-14.
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