Tolerância
Emmanuel
Vive a tolerância na base de todo
o progresso efetivo.
As peças de qualquer máquina suportam-se
umas às outras para que surja essa ou aquela produção de benefícios
determinados.
Todas as bênçãos da Natureza
constituem larga sequência de manifestações da abençoada virtude que inspira a
verdadeira fraternidade.
Tolerância, porém, não é conceito
de Superfície.
É reflexo vivo da compreensão que
nasce, límpida, na fonte da alma, plasmando a esperança, a paciência e o perdão
com esquecimento de todo o mal.
Pedir que os outros pensem com a
nossa cabeça seria exigir que o mundo se adaptasse aos nossos caprichos, quando
é nossa obrigação adaptar-nos, com dignidade, ao mundo, dentro da firme
disposição de ajudá-lo.
A Providência Divina reflete, em
toda parte, a tolerância sábia e ativa.
Deus não reclama da semente a produção
imediata da espécie a que corresponde.
Dá-lhe tempo para germinar,
crescer, florir e frutificar.
Não solicita do regato
improvisada integração com o mar que o espera.
Dá-lhe caminhos no solo,
ofertando-lhe o tempo necessário à superação da marcha.
Assim também, de alma para alma,
é imperioso não tenhamos qualquer atitude de violência.
A brutalidade do homem impulsivo
e a irritação do enfermo deseducado, tanto quanto a garra no animal e o espinho
na roseira, representam indícios naturais da condição evolutiva em que se
encontram.
Opor ódio ao ódio é operar a
destruição.
O autor de qualquer injúria
invoca o mal para si mesmo.
Em vista disso, o mal só é
realmente mal para quem o pratica.
Revidá-lo na base de inconsequência
em que se expressa é assimilar-lhe o veneno.
É imprescindível tratar a
ignorância com o carinho medicamentoso que dispensamos ao tratamento de uma
chaga, porquanto golpear a ferida, sem caridade, será o mesmo que converter a
moléstia curável num aleijão sem remédio.
A tolerância, por esse motivo, é,
acima de tudo, completo esquecimento de todo o mal, com serviço incessante no
bem.
Quem com os lábios repete
palavras de perdão, de maneira constante, demonstra acalentar a volúpia da
mágoa com que se acomoda perdendo tempo.
Perdoar é olvidar a sombra, buscando a luz.
Não é dobrar joelhos ou escalar
galerias de superioridade mendaz, teatralizando os impulsos do coração, mas sim
persistir no trabalho renovador, criando o bem e a harmonia, pelos quais aqueles
que não nos entendam, de pronto, nos observem com diversa interpretação,
compreendendo-nos o idioma inarticulado do exemplo.
Oferece-nos o Cristo o modelo da
tolerância ideal, em regressando do túmulo ao encontro dos aprendizes
desapontados.
Longe de reportar-se à deserção de Pedro ou à fraqueza de Judas, para dizer com a boca que os desculpava, refere-se ao serviço da redenção, induzindo-os a recomeçar o apostolado do bem eterno.
Longe de reportar-se à deserção de Pedro ou à fraqueza de Judas, para dizer com a boca que os desculpava, refere-se ao serviço da redenção, induzindo-os a recomeçar o apostolado do bem eterno.
Tolerar é refletir o entendimento
fraterno, e o perdão será sempre profilaxia segura, garantindo, onde estiver,
saúde e paz, renovação e segurança.
XAVIER, Francisco Cândido pelo
Espírito Emmanuel. Pensamento e Vida, cap.25, p.42-43.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
“Deixe aqui um comentário”