19-A ENCHENTE
Casimiro Cunha
O quadro é lindo e imponente na calma da natureza, a massa da água é mais bela, mais suave a correnteza.
O rio enorme extravasa, conquistando as cercanias, encaminha-se às baixadas, desce às furnas mais sombrias.
torrente dilatada estende a dominação, refresca e fecunda o solo nas zonas de plantação.
Mas, em haurir-lhe a grandeza, os bens, a virtude, a essência, precisa-se em toda parte muita luta e previdência.
Aterros, diques, cuidados, trabalhos e sacrifícios, todo esforço é necessáriopor colher-lhes os benefícios.
Sem isso reduz-se a enchente às grandes devastações, ameaças, lodo e vermes, mosquitos, flagelações.
A abundância generosa foi vista e considerada; Entretanto, a imprevidência guarda a lama envenenada.
Reconhecendo a beleza deste símbolo profundo, podemos ver no seu quadro muita gente deste mundo.
O poder, a autoridade, a fortuna, a inteligência, são enchentes dadivosas da Divina Providência.
Mas, se o homem não vigia, é várzea que inspira dó.
A abundância não lhe deixa mais que lodo, lixo e pó.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 19, p.18.
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