31-A LENHA
Casimiro Cunha
Essa lenha pobre e seca, que se entrega com bondade, é sugestão do caminho e exemplifica a humildade.
Já pensaste em seu passado?
Um lenho seco... que era?
Talvez o galho mais lindo dos dias da primavera.
Quem sabe?
Talvez um tronco, terno abrigo nos caminhos, um palácio nobre e verde de flores e passarinhos.
No entanto, em missão de auxílio, com santa resignação, não se nega a cooperar nas máquinas de carvão.
Em noite chuvosa e fria, ela é a doce companheira que aquece as recordações, crepitando na lareira.
Ao seu calor, os mais velhos acham prazer na lembrança; os mais moços a alegria de comentar a esperança.
Morrendo animosamente, em chamas de luz e graça, ela sabe que é de Deus, por isso trabalha e passa.
Se viveu rindo e cantando, entre seivas e prazeres, com os mesmos encantamentos, cumpre os últimos deveres.
Ah! quão poucos na jornada convertem reminiscências em calor, vida e perfume de novas experiências!...
Mas chega o dia em que o homem, sem combater, sem negar-se, precisa, como essa lenha, da coragem de apagar-se.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 31, p.32.
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