36-A NUVEM
Casimiro Cunha
Céu sereno luminoso, entretanto, avulta em cima um ponto sombrio e triste – é a nuvem que se aproxima.
Quem mirar o firmamento, descansando a luz do olhar, de súbito, experimenta doloroso mal-estar.
Dilata-se o ponto negro, em todo o céu que se altera, o calor é intolerável na pressão da atmosfera.
A planta parece aflita, mergulhada em solo ardente.
O vento para.
O caminho sufoca penosamente.
Vem a nuvem dividida em vastíssimos pedaços, atritam-se os elementos em confusão nos espaços.
Em breve, porém a chuva, em gotas cariciosas, mata a sede das raízes, lava as pétalas das rosas.
As folhas ganham verdura, a estrada se modifica, é a seiva do céu que cai, profusa, bondosa e rica.
Aí, reconhecem todos que a nuvem, como ninguém, sabia trazer consigo, a paz, a alegria, o bem.
Assim, a nuvem da vida do infortúnio e da desgraça, vem sombria e dolorosa, chove lágrimas e passa.
Um homem, depois das dores, é mais lúcido e melhor.
Toda sombra de amargura traz consigo um bem maior.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 36, p.37.
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