41-A PODA
Casimiro Cunha
Quando é necessário ao campo produção forte e fiel, não se pode prescindir da poda quase cruel.
É dolorosa a tarefa que se comete ao podão, não só nos tempos de inverno, como em tempo de verão no pomar esperançoso, na vinha feita em verdura, há dores indefiníveis que nascem da podadura.
Velhos ramos opulentos, dilacerados ao corte, despenham-se amargurados, vencidos de angústia e morte.
Esforça-se a podadeira no galho que cede a custo, e as frondes carinhosas parecem tremer de susto.
Muita vez, toda folhagem sucumbe, desaparece, nobres hastes mutiladas dão mostras de mãos em prece.
Mas, depois, findo o tormento, passada a grande agonia, vem a luz da primavera nas colheitas de alegria.
Tudo é festa de beleza, abundância, fruto e flor, devendo-se tudo a bênção da poda que trouxe a dor.
Necessita-se igualmente, no campo das criaturas, das podas em tempo calmo, em tempos de desventuras.
Nas fainas da luta humana, o sofrimento é o podão: Não te furtes à grandeza das leis de renovação.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 41, p.42.
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