20-A ENXADA
Casimiro Cunha
No conjunto dos trabalhos, a enxada pobre e esquecida é uma agulha generosa que borda o lençol da vida.
Com desvelos carinhosos, faz o berço às sementeiras, protege os rebentos frágeis, traçando caminho às leiras.
Essa agulha delicada, vibrando de pólo a pólo, aperfeiçoa a paisagem, lançando mais vida ao solo.
Obediente e bondosa, coopera com o lavrador, e onde passa costurando, eis que o chão transborda em flor.
Devem-lhe muito os celeiros na colheita farta, imensa, mas a enxada dadivosa nunca pede recompensa.
Sem prazer está nas lutas, nos trabalhos naturais; Alguém lucra em seus esforços? Mais serviço e terás mais.
Não sabe se há chuvas fortes, se há calor de requeimar, disposta sempre ao possível, tem gosto de trabalhar.
Modesta, criteriosa, atende ao labor que a chama, fiel ao bom lavrador, executa o seu programa.
Instrumento valoroso, que não trai nem esmorece, exemplifica no mundo a humildade que obedece.
Imagina a tua glória, teu triunfo jamais visto, quando fores boa enxada nas divinas mãos do Cristo.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Casimiro Cunha. Cartilha da natureza. São Paulo/SP:Butterflay editora Ltda,2002, ed.1. Cap 20, p.19.
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